O advogado Cezar Bitencourt, responsável pela defesa do ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid, afirmou que o militar não fez acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro nos depoimentos dados até aqui à Polícia Federal.

Em áudio enviado ao blog, Bitencourt afirmou que as declarações de Mauro Cid à PF tratam de pagamentos feitos pelo militar a pedido do presidente – todos, segundo ele, dentro da lei.

“Estão colocando palavras que não tem no [depoimento do] Cid. Acusações a Bolsonaro que não existem. Esse problema que você falou da compra e da recompra das joias. O Cid assumiu tudo. Não colocou Bolsonaro em nada. Não tem nenhuma acusação de corrupção, envolvimento de Bolsonaro, envolvimento ou suspeita de Bolsonaro. A defesa não está colocando o Cid contra Bolsonaro”, declarou.

“Isso é real, e tu pode botar no ar se quiser”, disse o advogado no áudio ao blog.

Desde a última sexta (25), Mauro Cid depôs à Polícia Federal por mais de 20 horas, em pelo menos três dias diferentes. Todo esse material é mantido em sigilo e, por isso, não é possível conferir a versão divulgada pela defesa.

Cezar Bitencourt diz ainda que, nos depoimentos de Cid até agora, não há “nenhuma acusação em relação à honestidade de Bolsonaro”.

“E o que ele [Cid] pegava em dinheiro e pagava as contas do Bolsonaro do presidente , do ex-presidente, ele disse claramente. Eu perguntei pra ele. Era da aposentadoria dele [Bolsonaro] e daquilo que ele recebia como presidente. Esse era o dinheiro que o Cid movimentava”, diz a defesa.

“Eu perguntei expressamente para ele, e nem está no depoimento público. Ele pegava o dinheiro do presidente, dos honorários dele como presidente, vencimentos, e da aposentadoria, que dá em torno de R$ 70 mil. Esse era o dinheiro que o Cid pagava as contas dele, em dinheiro, porque ele não gostava, não tem cartão de crédito”, completou Bitencourt.

O advogado disse ainda que Bolsonaro não usa cartão de crédito, por isso Cid maneja o dinheiro.

“O dinheiro que o Cid pegava para pagar as contas do ex-presidente era os R$ 50 mil que parece que ele ganhava como presidente e os R$ 20 mil da aposentadoria. Era esse dinheiro que ele recebia em dinheiro e ia pagando, porque ele não gosta de cartão de crédito, não tem cartão de crédito. Mas não tem nada além disso”, explicou.

Versões da defesa

As declarações do advogado chamam a atenção porque ocorrem no momento em que Mauro Cid tenta uma delação premiada junto à Polícia Federal.

Esse tipo de colaboração exige que o interessado apresente fatos novos que façam as investigações avançarem – o que pode incluir, por exemplo, entregar pessoas acima dele na hierarquia.

Cezar Bitencourt já voltou atrás em declarações que deu sobre o caso. Neste mês, afirmou à revista “Veja” que Mauro Cid confessaria tudo. Depois, à GloboNews, voltou atrás e negou ter dito isso à publicação.

O refugo levou a “Veja” a publicar os áudios em que Cezar Bitencourt apresentou a primeira versão – segundo a qual Mauro Cid assumiria ter agido a mando de Bolsonaro para vender joias e, depois, repassado dinheiro vivo ao presidente.

Por Camila Bomfim (G1)