* Arlindo Salazar

Em nosso cotidiano tornou se rotineiro o assalto, a bala perdida que roubam vidas inocentes, a degradação da natureza, a irresponsabilidade no trânsito, a corrupção nos poderes constituídos, a violência contra a mulher, a intolerância de qualquer espécie e outras tantas formas de violência e de mazelas sociais. Mas de quem é a culpa? Não há dúvidas de que nós não assumimos a culpa diante do que acontece. Eu! Eu não! Não sou culpado. É como se não tivéssemos responsabilidades sobre nada disso. A educação não funciona, mas quem é culpado? A saúde é um caos, de quem é a culpa? Nossos parlamentares (a maioria) são uma vergonha, nada tenho com isso. Falamos sobre essas coisas como se não fossem de nossa responsabilidade. Eu não! Foi ele/ela. A culpa nunca está em mim! A culpa está nos poderes e nos homens do mal.                                              

Acompanhando os movimentos em nossa Câmara Municipal e nas redes sociais, vejo uma série de manifestações (a maioria anônima porque não querem se responsabilizar por nada, nem pelo que falam), culpando o parlamento, culpando o FC, culpando a oposição, culpando a situação, culpando a imprensa, culpando a todos pelo desmantelo que ora se encontra a Câmara Municipal de Codó, no entanto, me parece que ninguém faz uma reflexão, assume sua mea-culpa, fazendo-se responsável também pelo que ali esta acontecendo. Não se engane você também é culpado, eu sou responsável. Você que votou, você que não votou, você que ficou em silêncio (essa é a pior, a omissão), você que vendeu o voto, você que comprou o voto. Enfim, não podemos simplesmente achar que não temos, em menor ou maior grau, responsabilidades por tudo que acontece em nossa cidade. Não adianta agir como Pilatos, ele lavou as mãos sinalizando que não teria responsabilidade sobre a morte de Jesus. Isto não o eximiu da culpa, pois tinha a autoridade para agir em favor do justo e não agiu. O povo por sua vez poderia decidir entre o justo Jesus Cristo e o ladrão Barrabás. Decidiu pelo ladrão. A escolha pelo ladrão levou o povo a um estado de violência contra o justo. A violência produzida ou a escolha errada volta-se contra nós mesmos, pois de acordo com a “lei da semeadura”, Deus nos permite plantar o que quisermos, mas somos obrigados a colher o que plantamos.

Como estamos vivendo o tempo de quaresma, relembro a morte de Cristo, porque assim também foi naquela oportunidade. Cristo foi preso e crucificado, mas de quem foi a responsabilidade por sua morte? O culpado foi o império romano? Ou, o culpado foi Deus porque assim o destinou? Ou o povo que escolheu o ladrão?. Compreender de quem é a culpa, ajuda-nos a refletir com mais sobriedade e responsabilidade sobre nossos atos e leva-nos a assumir nossa parcela de culpa e a transformar nossas atitudes, nossa comunidade e nossa sociedade, de maneira que sejamos sujeitos ativos, promovendo a vida em sua plenitude e semeando a paz de Cristo.                        

Para finalizar vejamos a reflexão de Paulo França, extraída do sítio o Pensador: “somos responsáveis por onde nós estamos, sabendo disso, podemos pensar em culpa, sim podemos, mas não devemos, temos que pensar é que se fomos capazes de chegarmos aonde chegamos também somos capazes de sairmos e aí então conseguiremos buscar resultados, objetivos…,”, acredito eu, bem melhores.

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* Arlindo Salazar é Professor, Contador, Analista-Tributário, pós-graduando em Direito Tributário e Aduaneiro, graduando em Teologia e graduando em Formação Pedagógica.