O deputado federal eleito Guilherme Boulos (Psol-SP) crê que a partir do próximo ano, Jair Bolsonaro (PL) vai ter de prestar contas à Justiça sobre possíveis crimes cometidos à frente do governo federal. Crítico dos sigilos centenários impostos a dados pessoais de integrantes de sua administração, Boulos disse, nesta quarta-feira (10), em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, que a derrubada das restrições, promessa do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vai trazer à tona elementos dignos de um “porão velho”. 

Sabe aquele porão velho, que ninguém abre e só sai rato, barata, tudo o que não presta, até escorpião? É isso o que vai acontecer quando abrir o sigilo de 100 anos”, disse.

O pessolista acusou Bolsonaro de ter mexido na estrutura da Polícia Federal no Rio de Janeiro para evitar investigações sobre supostas “rachadinhas” salariais cometidas pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e barrar a apuração em torno da execução de Marielle Franco (Psol), vereadora da capital fluminense.

“Ele (Bolsonaro vai receber sucessivos procedimentos, inquéritos e investigações e vai ter de responder pelos crimes”, projetou. Embora diga que Lula tem a missão de “pacificar os ânimos” e pregar o diálogo, Boulos garante que a coalizão responsável por amparar a campanha do PT não vai abrir mão da agenda defendida durante o período eleitoral. 

Segundo ele, a construção de pontes com outros setores da sociedade civil não implicam em “anistia” a Bolsonaro.

“Estou entre aqueles que acha que Jair Bolsonaro e seus filhos, os milicianos que governaram com ele, vão ter de responder pelos crimes que cometeram. A pacificação do país não significa esquecimento nem ‘passar pano’ para atitudes criminosas”, opinou. “Quando falo em Bolsonaro responder por seus crimes, isso acontecerá a partir de 1º de janeiro de 2023, quando ele não terá mais foro especial. Isso passará pelas acusações criminais em primeira instância, como qualquer cidadão. Ele terá de responder”, completou.

Bolsonaro se baseia em uma brecha da Lei de Acesso à Informação (LAI) para decretar os sigilos.

Com informações do Meio Norte