As plantas medicinais são conhecidas popularmente para cura e tratamento de algumas enfermidades. Muitas receitas e formas de preparo, como chás, por exemplo, são passadas de geração em geração, e cerca de 85% da população já fez uso de algumas delas para aliviar sintomas ou tratar doenças, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). As observações populares sobre o uso e a eficácia das plantas medicinais são amplamente divulgadas pelos seus efeitos, apesar de não terem seus componentes químicos conhecidos pelos usuários.
O Brasil possui uma grande diversidade cultural e étnica, resultando em um acúmulo considerável de conhecimentos sobre manejo e uso de plantas medicinais. A região Sul Maranhense, na qual está inserido o município de Estreito, é formada por comunidades rurais e urbanas, onde o cultivo de plantas medicinais, aromáticas e condimentares forma um patrimônio biológico, com muitas espécies ainda não identificadas.
Diante da realidade encontrada no município, onde grande parte da comunidade é constituída por famílias que sobrevivem do manejo da agricultura familiar, observou-se grande uso de plantas medicinais, aromáticas e condimentares. Outro ponto constatado é o pouco ou nenhum acesso a informações científicas, podendo resultar na desvalorização dos recursos genéticos das plantas medicinais, e o desconhecimento da importância da conservação de recursos para a garantia de uma vida de forma sustentável.
Sob a orientação do professor Clemilton Alves da Silva, o bolsista Carlos Eduardo Alves Machado e a bolsista voluntária Beatriz de Souza Assunção, o projeto de extensão “Plantas Medicinais, condimentares e aromáticas – elo entre universidade e comunidade”, está sendo desenvolvido pelo curso de Engenharia Agronômica, do Centro de Ciências Agrárias, Naturais e Letras (CCANL), da UEMASUL, campus Estreito. O projeto tem os objetivos de proporcionar a geração e difusão de saberes relacionados às plantas medicinais, condimentares e aromáticas, analisar suas principais características, identificar as espécies e descrever o conhecimento tradicional dos produtores.
A ideia do projeto surgiu da necessidade de divulgação de informações científicas atreladas aos saberes e usos que a comunidade local detêm sobre as plantas medicinais, aromáticas e condimentares, com objetivo de oferecer modelos de conservação da biodiversidade e dos recursos naturais de forma sustentável, além de propor a divulgação de informações a respeito de cultivo, resgate do conhecimento popular, e a organização e participação social da comunidade junto à universidade.
O professor Clemilton reforçou a importância das plantas medicinais para uso e conservação. “O projeto de extensão surgiu da importância de uso e fundamentalmente para conservar os recursos genéticos vegetais, sobretudo aqueles para fins medicinais, aromáticos e condimentares, utilizados pela comunidade local, em geral por integrantes da agricultura familiar, pelo papel significante que essas plantas desempenham em suas vidas, tanto pelo valor místico, como pelo seu uso terapêutico”.
Levou-se em consideração ainda, o aspecto social da região buscando com o projeto auxiliar, por meio de divulgação de informações acerca da importância do uso desse grupo de plantas, a melhoria da saúde humana por meio de ações realizadas pelo Programa de Saúde da Família, e a utilização desses recursos vegetais na alimentação, melhorando a qualidade de vida da comunidade e a economia local.
Para a acadêmica do sexto período, Beatriz de Souza Assunção, bolsista voluntária, participar do projeto proporciona maior aprendizado. “O projeto está me dando novas oportunidades e me ajudando a explorar mais o conhecimento que nos é passado. Com a ajuda do nosso orientador, conseguimos pensar além, e nos prepararmos para os novos desafios que iremos enfrentar e, também, para a vida profissional”.
O cultivo de plantas medicinais, aromáticas e condimentares é uma atividade com forte apelo econômico e social, gerando emprego e renda na agricultura graças à elevada demanda de mão de obra. Outra característica importante é a geração de renda em pequenas áreas, o que torna estes cultivos ideais para as pequenas propriedades rurais e para os agricultores familiares. Esta atividade tem capacidade de impulsionar o desenvolvimento de uma região inteira, pela necessidade do fortalecimento das relações de amizade e do cooperativismo.
“O projeto tem me ensinando a melhorar ainda mais na oratória, me dando a oportunidade de conciliar os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula com a prática. A comunidade tem se mostrando bem participativa nas pesquisas e dispostas em passar todos os conhecimentos sobre as plantas aromáticas, medicinais e condimentares”, afirmou o bolsista Carlos Eduardo Alves Machado.
Sobre o projeto
O objetivo do projeto é conscientizar sobre a importância do conhecimento sobre as plantas medicinais aromáticas e condimentares, visando desenvolver noções de cooperação, responsabilidade social e consciência ambiental. Os conhecimentos científicos atrelados aos saberes e usos que estas populações detêm sobre as plantas alimentícias podem oferecer modelos de conservação da biodiversidade e dos recursos naturais de forma sustentável. O acesso da comunidade às informações sobre as plantas, suas aplicações e as precauções no manuseio e uso a serem tomadas, são de extrema importância, já que o uso indiscriminado de plantas medicinas pode provocar sérios riscos à saúde.
Durante as visitas de campo foram realizadas a identificação das plantas medicinais, aromáticas e condimentares, por meio de nomes comuns, nomes científicos, tratos culturais e ciclos de cultivo, sendo coletadas as espécies mais relevantes frentes às características agronômicas, econômicas e culturais para posterior seleção e cultivo.
Os acadêmicos bolsistas realizaram ainda levantamento bibliográfico das principais espécies de plantas medicinas, aromáticas e condimentares da região, em especial, no município de Estreito. O projeto passou pelas fases de pesquisa qualitativa, coleta de dados em campo, com visitas às comunidades para entrevistas semiestruturadas, relatos orais, mapas mentais, e registros fotográficos, visando identificar e interpretar os significados que a comunidade tem a respeito das plantas medicinais, aromáticas e condimentares. Concluída essas etapas, o projeto segue com instalação futura de um horto de plantas medicinais nas dependências da escola municipal José Reinaldo Tavares, no município de Estreito.
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