O ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), suspendeu mais uma propaganda da campanha do presidente Jair Bolsonaro em que aparece a primeira-dama Michelle Bolsonaro. A decisão foi tomada a pedido da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de voto, seguido de Bolsonaro. Também foi determinada uma multa diária de R$ 25 mil em caso de descumprimento. Já é a quinta decisão do TSE mandando suspender a veiculação de propaganda com Michelle.

Segundo a legislação eleitoral, a participação de apoiadores de um candidato deve se limitar a 25% da peça publicitária. Em razão disso, algumas propagandas em que Michelle aparecia em 100% do tempo já tinha sido proibidas. A campanha de Bolsonaro então mudou a estratégia: além de Michelle, a propaganda passou também a conter imagens de crianças e mulheres, mas a narração da mensagem de apoio ao presidente continuou presente em toda a extensão da peça publicitária. A participação dela na campanha é uma tentativa de diminuir a resistência do eleitorado feminino a Bolsonaro.

A campanha de Lula chega a dizer que o discurso de Michelle passou a contar com uma dubladora para as imagens em que ela não aparece. O ministro Paulo de Tarso Sanseverino não entrou nessa discussão, mas destacou que há “aparência” de o discurso ter sido feito integralmente por Michelle Bolsonaro. Assim, mesmo que ela não apareça em 100% das imagens, a peça publicitária deve ser retirada do ar.

“Tamanha trucagem causa, de forma clara, no eleitor a impressão de que as frases estão sendo ditas pela primeira-dama, uma vez que a narradora não alterou sequer as frases, a título de exemplo, aos 12 segundos do vídeo, a narradora afirma: ‘o meu depoimento não é só de uma esposa que ama o seu marido’”, diz trecho da ação da campanha de Lula.

“Com efeito, o discurso veiculado, além de igual ao da inserção anterior, apresenta trechos em que as falas na primeira pessoa do singular (“O meu depoimento não é só de uma esposa, que ama o marido” e “Eu sei quem é ele dentro de casa”) são exibidas simultaneamente à imagem de Michelle Bolsonaro dizendo-as, dando a entender se tratar de depoimento da própria, sobretudo porque o áudio se mostra contínuo, isto é, sem mudança da voz feminina que o profere”, diz trecho da decisão do ministro do TSE.

Com informações do Jornal O Globo