A Polícia Civil do Maranhão (PCMA) investiga um caso chocante ocorrido em Imperatriz, no sudoeste do estado: a morte de um menino de 7 anos e a internação em estado grave da mãe e da irmã dele, após consumirem um ovo de Páscoa supostamente envenenado. A principal suspeita, identificada como Jordélia Pereira, de 35 anos, foi presa preventivamente e confessou ter comprado o chocolate, mas nega ter colocado veneno no produto.

Segundo a polícia, Jordélia usou um crachá falso para se hospedar em um hotel na cidade, no dia 16 de abril — data em que o doce foi entregue à família. No documento, aparecia com peruca preta, usava o nome falso “Gabrielle Barcelli” e se apresentava como profissional de “Gastrônomia”, com erro na grafia da palavra.

Em conversa por aplicativo com uma funcionária do hotel, Jordélia alegou estar em processo de mudança de nome por ser uma mulher trans, e pediu para se hospedar apenas com o crachá. A recepção aceitou.

“Deixa eu lhe falar, é porque sou trans e a minha documentação está em processo, mas estarei com o crachá da empresa. Posso colocar o nome depois que eu mudei? Onde chego eu uso dele”, escreveu ela.

Os indícios contra a suspeita

A polícia reuniu diversos elementos que levaram à prisão de Jordélia:

  • Imagens de câmeras mostram a suspeita no hotel e em uma loja de chocolates, onde ela fez a compra usando disfarce com peruca e óculos escuros.

  • Hospedagem em Imperatriz: ela saiu de Santa Inês (MA) e ficou hospedada em um hotel próximo à casa das vítimas na noite do crime.

  • Compra do chocolate: a aquisição foi registrada no mesmo dia, em uma loja da cidade.

  • Recheios prontos: ela teria levado de Santa Inês os recheios já preparados, armazenados em bolsas térmicas.

  • Perucas, bilhetes e chocolate: em seu poder foram encontrados restos de chocolate, bilhetes de ônibus e duas perucas.

  • Depoimento do namorado da vítima: ele revelou que Jordélia é sua ex-companheira, o que reforça a linha de investigação de crime por motivação passional.

  • Telefonema suspeito: após a entrega do ovo, a vítima, Mirian Lira, recebeu uma ligação de uma mulher perguntando se o presente havia chegado, mas se recusou a se identificar.

Entrega do ovo e consequências

Na noite de quarta-feira (16), a família recebeu o ovo de Páscoa por meio de um motoboy. Junto ao doce, havia um bilhete com a frase: “Com amor, para Mirian Lira. Feliz Páscoa.” As três pessoas da mesma família consumiram o produto.

O menino Luís Fernando, de 7 anos, foi o primeiro a passar mal. Ele foi levado ao Hospital Municipal de Imperatriz (HMI), onde chegou a ser entubado, mas morreu poucas horas depois.

A mãe, Mirian, começou a apresentar sintomas no hospital, após o filho ser internado: mãos arroxeadas e dificuldade para respirar. Ela foi transferida para a UTI.

Pouco depois, a filha de Mirian, Evelyn Fernanda Rocha Silva, de 13 anos, também deu entrada no hospital com os mesmos sintomas. Ambas seguem internadas em estado grave.

Investigações continuam

O Instituto de Criminalística está analisando amostras do chocolate para confirmar a presença de veneno. Também foi solicitada a coleta de sangue das vítimas e a análise dos materiais encontrados com Jordélia.

A Justiça do Maranhão decretou a prisão preventiva da suspeita nesta sexta-feira (18). Ela será encaminhada para um presídio em São Luís.