Apoio especializado ajuda a lidar com questões emocionais que podem ser desenvolvidas por quem tem a Trissomia 21.
No Brasil, estima-se que em um a cada 700 nascimentos ocorra o caso de trissomia 21, totalizando em torno de 270 mil pessoas com síndrome de Down no país, segundo dados da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD). A alteração genética pode favorecer a incidência de doenças que afetam o corpo e a mente.
Segundo o Ministério da Saúde, as pessoas com a síndrome crescem e se desenvolvem de maneira diferente das outras pessoas e, geralmente, apresentam comorbidades, como malformações cardíacas, alterações visuais, otites, infecções respiratórias e distúrbios da tireoide. No campo emocional, podem desenvolver ansiedade, depressão e outras condições.
Para oferecer mais qualidade de vida, as autoridades de saúde recomendam acompanhamento profissional desde a infância. O apoio especializado possibilita o desenvolvimento saudável. Na vida adulta, iniciativas como a residência assistida para pessoas com deficiência intelectual contribuem para a autonomia e a independência das pessoas com trissomia 21.
Relação entre síndrome de Down e saúde mental
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a Síndrome de Down está associada a algumas questões de saúde, incluindo condições emocionais e psiquiátricas. Ainda na infância, as crianças podem apresentar ansiedade, comportamentos repetitivos e compulsivos, impulsividade, depressão, condições do espectro autista e problemas neuropsicológicos.
Conforme estudo publicado na Scio Mental Health, as questões relacionadas à saúde mental podem aparecer por conta da vivência da pessoa com síndrome de Down. A não inclusão, o preconceito, as limitações de desenvolvimento e aquelas impostas pela sociedade podem favorecer o desenvolvimento de ansiedade e outras condições.
As crianças em idade escolar costumam apresentar limitações em habilidades de linguagem, comunicação e cognição. De acordo com o estudo, nessa fase da vida, os comportamentos disruptivos, impulsivos, hiperativos, ansiosos, inflexíveis e as alterações de humor costumam aparecer.
Já em idade mais avançada, quando há melhora na linguagem e nas habilidades de comunicação, pode haver casos de depressão, ansiedade generalizada, comportamentos compulsivos, questões relacionadas ao humor e, em alguns casos, demência.
Para auxiliar nessas questões, o estudo reforça que as pessoas com trissomia 21 de todas as idades, que residem em moradia independente ou com seus familiares, tenham acompanhamento profissional, incluindo psicólogos e psiquiatras.
Quando começar o acompanhamento psicológico?
De acordo com a Secretaria de Saúde do governo do estado do Paraná, pessoas com síndrome de Down devem ser estimuladas desde cedo, necessitando de uma equipe multidisciplinar composta por médico, fonoaudiólogo, fisioterapeutas, nutricionista e outros especialistas, conforme as necessidades apresentadas. O acompanhamento introdutório é útil para que a criança se sinta confortável com outros profissionais, como o psicólogo e o psiquiatra.
O acompanhamento também auxilia para o ganho de autonomia na vida adulta, garantindo que propostas como a moradia assistida para deficientes intelectuais deem certo. A iniciativa tem o objetivo de assegurar a independência para que as pessoas possam ter a sua própria casa, oferecendo suporte e apoio personalizado, apenas quando necessário.
O primeiro contato das pessoas com trissomia 21 com os psicólogos e psiquiatras é um momento de descobertas para o paciente e os profissionais. Nesse momento, é preciso entender as necessidades individuais e dar início à investigação de condições relacionadas à saúde mental.
O estudo “Atenção à saúde mental de pacientes com síndrome de Down: relato de experiência”, publicado na Revista de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), informa que as intervenções utilizadas para melhorar a saúde mental das pessoas com síndrome de Down devem promover novas possibilidades de modificar e qualificar as condições e o modo de vida, sendo fundamental olhar para elas em suas múltiplas facetas, reconhecendo desejos, anseios, valores e escolhas.
De acordo com o estudo, as pessoas com trissomia 21 devem ser inseridas em diferentes atividades, necessitando de um cuidado integral pautado na manutenção de sua saúde física e mental, no desenvolvimento da autonomia e na inclusão social. As atividades educativas, os exercícios físicos, as oficinas artísticas, as dinâmicas em grupo, os passeios semanais e o apoio familiar são citados como peças importantes para a promoção de uma vida mais saudável.
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