Nos últimos anos, o varejo brasileiro tem enfrentado transformações profundas. Dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) apontam que, em 2023, o e-commerce cresceu mais de 10% no país, consolidando-se como alternativa preferida de muitos consumidores.
Para quem está do outro lado do balcão, o impacto é direto: menos tráfego nas lojas físicas e, consequentemente, queda nas vendas.
Esse novo cenário exige que lojistas e comerciantes pensem além do tradicional. Não basta ter produtos de qualidade e preços competitivos, há uma necessidade de prender a atenção e despertar o desejo de quem passa. A seguir, reunimos cinco estratégias que podem ajudar a reaquecer o seu negócio e tornar a sua loja mais movimentada.
Experimente uma vitrine que converse com quem passa
Em meio a calçadões, galerias e corredores comerciais, a vitrine ainda é o primeiro contato entre loja e consumidor. Ignorar o poder da exposição visual é deixar de competir pela atenção de quem transita por ali. Uma vitrine mal iluminada, pouco atrativa ou desorganizada afasta mais do que convida.
Lembre-se sempre que nos dias atuais, com os smartphones, a atenção é um dos sentidos humanos mais disputados.
Movimento atrai movimento
A percepção de uma loja movimentada funciona como um ímã para o consumidor. Não é incomum vermos pessoas evitando estabelecimentos vazios, mesmo estando interessadas no produto. Essa lógica, chamada de “prova social”, é bastante observada no varejo. Como outras pessoas estão ali, algo de valor deve estar acontecendo.
A presença de clientes no interior da loja transmite confiança. Bons vendedores, que sabem dialogar e oferecer produtos de forma envolvente, ajudam a manter o espaço vivo e atrativo. Criar ações que incentivem o público a permanecer mais tempo, como degustações, demonstrações ou pequenos eventos, pode fazer toda a diferença para o ambiente parecer mais acolhedor e relevante.
Aposte na experiência interativa
Cada vez mais no mercado a palavra venda é trocada pelo termo experiência. Isso reflete uma busca do novo consumidor em almejar algo além do produto, principalmente nas lojas físicas.
Inovações simples podem gerar grandes resultados. A experiência de compra dentro do estabelecimento deve ser, cada vez mais, envolvente e sensorial. Existem exemplos para as chamadas experiências interativas para lojas: espaços instagramáveis, telas com sugestões personalizadas, totens de autoatendimento ou mesmo música ambiente bem pensada.
O conteúdo gerado pelo próprio consumidor, conhecido como UGC (User Generated Content), tem se mostrado uma poderosa ferramenta para negócios físicos. Quando uma loja cria momentos dignos de serem compartilhados, ela amplia sua visibilidade de forma orgânica, pelas mãos de quem realmente viveu a experiência.
Um bom exemplo é o que acontece nos parques da Disney: mesmo sem solicitar diretamente, os visitantes publicam vídeos, fotos e relatos que se espalham pelas redes sociais, reforçando a imagem da marca e despertando o desejo em novos públicos. Da mesma forma, um espaço bem pensado dentro de uma loja pode estimular esse tipo de engajamento espontâneo, funcionando como uma vitrine viva da experiência oferecida.
Não se trata de grandes investimentos tecnológicos. Muitas vezes, uma degustação bem organizada ou um espaço para experimentar um produto já transforma o ambiente. O contato com o cliente não deve se limitar à venda, mas sim à criação de um vínculo. Quanto mais imersiva for a visita, maior a chance de retorno.
Integração com as redes sociais
Independente do quão tradicional ou antiga uma loja é, ter um perfil no universo digital deixou de ser opcional. Pequenos comércios, a fim de disputar com os grandes marketplaces, devem apostar em divulgações simples, pautadas em mostrar produtos e divulgar promoções para quem está nas proximidades da loja são algumas das alternativas.
Segundo uma pesquisa da Opinion Box, mais de 70% dos consumidores brasileiros já pesquisam nas redes sociais antes de comprar em lojas físicas. Marcar presença online pode ser o passo inicial para despertar o interesse e gerar fluxo presencial.
Mostrar os bastidores do negócio, as novidades que chegaram ou responder dúvidas de forma ativa é uma forma de tornar sua marca mais próxima do cliente.
Reorganize o espaço e aproveite o momento para testar
Há quanto tempo você reavalia seu layout? Caso as vendas estejam abaixo do esperado, esse pode ser o momento de renovar o espaço, a disposição dos produtos e a comunicação visual. Itens de maior margem podem ganhar destaque, promoções relâmpago podem atrair curiosos e a criação de um espaço temático sazonal ou não pode trazer dinamismo para a loja.
Para Lucas Longhi, CEO da IOXtream, ter experiências interativas nas lojas é o grande trunfo dos lojistas: “as pesquisas por interesse mudaram com o digital, por isso, cada vez mais há uma necessidade dos ambientes físicos proporem experiências que as telas não alcançam. Incentivar a entrada nas lojas, manter o cliente dentro do estabelecimento e entregar uma experiência marcante é o que permite o físico competir com o digital”.
O Instituto Locomotiva apontou que 54% dos brasileiros disseram se sentir mais inclinados a comprar em lojas que oferecem algo diferente do comum. Ou seja, inovação não significa gastar mais, mas sim repensar estratégias.
Uma nova forma de exposição pode gerar mais resultados do que um desconto agressivo. O importante é testar e observar o comportamento dos consumidores.
Renovar não é perder a identidade
O ambiente do varejo não é mais o mesmo de anos atrás. E embora o avanço do comércio digital represente um desafio, também oferece pistas sobre o que os consumidores buscam: praticidade, agilidade e uma experiência que vá além da compra.
Lojas físicas não vão desaparecer, mas precisam evoluir. Pensar em um atendimento mais humano, criar ações que envolvam a comunidade ao redor e adaptar a comunicação para as novas demandas são caminhos possíveis.
Apostar em inovação, mesmo que aos poucos, é uma forma de garantir que o seu espaço continue relevante.
Olhar para o negócio com atenção e disposição para mudar é o primeiro passo para transformar uma loja parada em um ambiente vivo, atrativo e em sintonia com o novo comportamento do consumidor.
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