Grande parte da população brasileira ainda sofre com a falta de saneamento básico. De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgados em 2020, quase 35 milhões de pessoas não têm acesso à agua potável e quase 100 milhões não têm seus esgotos tratados.
A ausência de saneamento pode trazer como consequência riscos à saúde das pessoas, como a proliferação de doenças como a esquistossomose, a dengue, a leptospirose, a giardíase, a amebíase e a hepatite A.
Pensando nisso e em formas de melhorar a qualidade de vida da população de Santo Amaro do Maranhão, o Grupo de Pesquisa Biologia e Ambiente Aquático (GPBioAqua), da Universidade Estadual do Maranhão, realizou o projeto “Saneamento e saúde: uma proposta de intervenção para o controle e profilaxia de doenças no município de Santo Amaro do Maranhão”.
O projeto tem como objetivo promover saúde, a partir de intervenção educativa, com instruções sobre as doenças relacionadas à falta de saneamento na região. Além disso, o projeto contou também com a distribuição de 100 filtros de barro para as comunidades do município Santo Amaro e dos povoados de Boa Vista e Bebedouro.
“A partir de questionários aplicados nas comunidades foi possível obter dados socioeconômicos e sanitários para selecionar as famílias que receberiam os filtros de barro. A produção desses dados auxiliou também em medidas socioeducativas e ambientais, para melhorar as condições de higiene da população e reduzir os casos de contaminação de água ingerida, quebrando os ciclos naturais de doenças”, explicou Débora Martins Silva Santos, professora do departamento de Biologia (CECEN) e Coordenadora do GPBioAqua.
Assim, a população recebeu instruções sobre as doenças causadas pela falta de coleta de resíduos sólidos, coleta e tratamento de esgoto e falta de tratamento da água, através de ciclos de palestras, folders informativos e adesivos.
Além dessas ações, uma cartilha lúdica está em processo de construção e abordará sobre vários aspectos do saneamento, legislação, doenças relacionadas ao saneamento e medidas de prevenção de doenças, destacando as peculiaridades das comunidades visitadas, desde os cuidados com higiene pessoal ao espaço ao redor das moradias.
Ainda de acordo com a coordenadora do projeto, Débora Santos, a iniciativa tem também tem o intuito de melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano do município de Santo Amaro do Maranhão, bem como dos povoados de Bebedouro e Boa Vista.
“Por ser um dos munícipios com menor IDH do país, a doação de filtros de barro representa a melhora no saneamento das 100 famílias que foram contempladas e impactadas diretamente, além das ações em educação sanitária que instruíram a população e produziram uma melhora no autocuidado e prevenção de doenças, como as do grupo das diarreias. A Universidade Estadual do Maranhão, como instituição de fomento, pode promover a aquisição dos filtros e melhoria na qualidade de vida da população de Santo Amaro, bem como vem formando professores, biólogos e outros profissionais que estão preocupados com a justiça social e desenvolvem iniciativas voltadas para o ensino, pesquisa e extensão”, afirmou Débora Santos.
O projeto, que é desenvolvido por uma equipe 11 pessoas, entre discentes do curso de Ciências Biológicas e mestrandos do Programa de Pós-graduação em Recursos Aquáticos e Pesca, teve as primeiras campanhas realizadas no período de agosto de 2019 a março de 2020. Neste ano será executado com as adequações impostas pela pandemia da Covid-19.
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