A professora Sueli Santana, de 51 anos, relatou ter sido apedrejada por alunos e alvo de ataques verbais após ministrar uma aula sobre cultura afro-brasileira em uma escola municipal rural de Camaçari, na Bahia. Sueli, que é praticante do candomblé, foi insultada com termos como “feiticeira” e “diabólica”.

O caso aconteceu na semana passada, mas ganhou repercussão nesta terça-feira (26). A Polícia Civil investiga o episódio, enquanto a Secretaria de Educação de Camaçari informou, em nota, que recebeu a denúncia em 21 de novembro e está apurando os fatos. A pasta afirmou repudiar qualquer forma de discriminação, seja por gênero, crença ou cor. Não há informações se os alunos envolvidos sofreram algum tipo de sanção ou afastamento.

Solidariedade e repúdio

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) condenou o ocorrido e manifestou solidariedade à professora. “Episódios como este são reflexo de uma sociedade que precisa urgentemente rever seus valores e reforçam a necessidade de um caminho educativo que valorize a história e combata a intolerância religiosa”, destacou a entidade.

A UBES também reforçou o papel transformador da educação:
“A escola deve ser um espaço de formação cidadã, crítica e empática, capaz de promover um mundo mais justo e igualitário. É revoltante que, dentro de um ambiente escolar, a violência se manifeste de forma tão brutal. Precisamos fortalecer o papel da escola como um lugar de respeito e acolhimento.”

Educação antirracista é lei

O ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas é assegurado pela Lei nº 10.639, sancionada em 2003 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A legislação tem como objetivo promover uma educação antirracista e fortalecer a valorização das contribuições da população negra para a formação da sociedade brasileira.

Repercussão e reflexões

O ataque à professora Sueli Santana acende um alerta sobre os desafios enfrentados por educadores que trabalham para desconstruir preconceitos e combater o racismo. O episódio também evidencia a necessidade de maior conscientização e enfrentamento da intolerância religiosa no ambiente escolar e na sociedade em geral.