O presidente da República Michel Temer (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O presidente da República Michel Temer (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)

Painel

Dançando à beira do abismo 

O levante de caminhoneiros que agora pedem abertamente por intervenção militar fez do risco de uma queda de Michel Temer a pauta do Congresso. Em reunião a portas fechadas, no Senado, ao menos um parlamentar da base do governo defendeu a derrubada do emedebista. Recebeu uma trava até da oposição e viu o presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE), lembrar o óbvio: em cinco meses o país elegerá novo presidente. É preciso, concluiu o cearense, garantir estabilidade até lá.

Causa maior

Segundo relatos, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) reagiu de forma veemente ao flerte de um colega com a derrubada de Temer. Disse que, dado o cenário, ele precisava ficar no cargo até o fim do mandato. Foi seguida por Eunício: “Essa conversa de golpe comigo não prospera”.

Frio…

escalada antidemocrática do discurso dos caminhoneiros assustou até oposicionistas radicais, que agora temem a abertura de uma brecha para a ruptura institucional. Integrantes de movimentos sociais da extrema esquerda foram ver de perto os piquetes em São Paulo.

… e calculado

Esses olheiros relataram que um carro passou distribuindo bandeiras do Brasil e faixas a favor da intervenção militar.

Não ouse

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), primeiro na linha sucessória, tem dito que não vai atuar para ampliar o clima de instabilidade. Ainda assim, um presidenciável recomenda que ele revisite a história do deputado udenista Ranieri Mazzilli.

Não ouse 2

Em 1964, Mazzilli, então presidente da Câmara, assumiu a Presidência assim que o golpe militar tirou João Goulart do poder. Foi destituído do cargo 13 dias depois, quando o general Castelo Branco ascendeu.

Inflamável

Mesmo após todos os sinais do governo, representantes de caminhoneiros enviaram, nesta segunda (28), mensagens a motoristas que estão parados dizendo que Michel Temer “foi desrespeitoso a todo instante”.

Inflamável 2

“Mudou o plano e o foco da greve. Tornou-se uma mobilização de movimentos diversos e ganhou força com ajuda da população”, diz o áudio.

Hora mais escura

Aliados do presidente Michel Temer dizem que ele tem demonstrado extrema preocupação com o cenário. Há muito, afirmam, ele não fazia gestos tão enfáticos no bastidor em nome da estabilidade institucional.

Míopes

Integrantes do Planalto admitem que o governo cometeu “erros em série”, mas garantem que isso só ocorreu porque não dispunham de informações que retratassem a magnitude do problema.

Porta-voz

Aliados do presidente respiraram aliviados ao lerem as declarações do general da reserva Hamilton Mourão à Folha. Espécie de ícone de intervencionistas, o militar desestimulou um golpe. O governo viu no gesto um reflexo da posição da cúpula das Forças Armadas.

Couro grosso

Pessoas próximas ao presidente da Petrobras, Pedro Parente, garantem que ele não vai capitular durante a crise. Em meio a rumores sobre um pedido de demissão, avisam que o engenheiro tem responsabilidade e que não deixaria o cargo com o país conflagrado.

Bate o pé

Governadores do Nordeste continuam contrários à proposta do governo federal de reduzir a alíquota do ICMS no diesel. Para eles, o Planalto errou quando anunciou um acordo sem contrapartida.

Impasse

Secretários estaduais da Fazenda vão continuar discutindo o assunto com o Conselho Nacional de Política Fazendária nesta terça (29). O governador Paulo Hartung (MDB-ES) defende a redução na alíquota do imposto.

Por todos

Estados como São Paulo e Espírito Santo embolsam 12%. O Amapá, 25%. Para o capixaba, é preciso convergir. “E, se precisar de sacrifício maior, devemos fazer para que o país acalme”, diz.

Com informações de Daniela Lima (Folha de São Paulo)