Foi preso, nessa quinta-feira (9), em Imperatriz, um homem condenado pelo crime de homicídio praticado no ano de 1985, no estado do Pará, onde oito trabalhadores rurais foram executados na Fazenda UBÁ, no município de São João do Araguaia, próximo a Marabá, no sudeste paraense.
O crime, cometido a há quase 40 anos, teve grande repercussão e ficou conhecido como ‘Chacina da Fazenda Ubá’.
Raimundo Nonato de Souza é um dos condenados por participação no crime, sendo sentenciado à pena de 144 anos de prisão.
Raimundo Nonato foi preso no bairro Parque Alvorada I, em Imperatriz, na região Tocantina. Ele já havia sido preso no dia 18 de outubro deste ano por equipes da polícia no Pará, na cidade de Novo Repartimento, após ficar mais de 38 anos foragido, mas foi solto por determinação da Justiça.
Porém, a decisão judicial foi revogada e outro mandado de prisão foi expedido contra Raimundo. A prisão desta quinta foi feita pelo Grupo de Pronto Emprego de Imperatriz, com apoio da Delegacia de Homicídios de Marabá (PA) e Delegacia de São João do Araguaia (PA).
Relembre o caso
Em junho de 1985, oito trabalhadores rurais foram assassinados na fazenda Ubá por um grupo de pistoleiros. Segundo as investigações, o mandante do crime seria o próprio dono da propriedade que acusava as vítimas de invadirem a fazenda, que possuía mais de 43 mil m² de área.
Naquele dia, foram mortos os três agricultores João Evangelista Vilarina, Januário Ferreira Lima, Luiz Carlos Pereira de Souza, além da adolescente Francisca Pereira Alves e a mulher grávida de seis meses identificada, também, como Francisca.
Após cinco dias destas mortes, no dia 18, outros três agricultores foram executados — José Pereira da Silva, Valdemar Alves de Almeida e Nelson Ribeiro.
Foram necessárias mais de duas décadas para o julgamento do caso, e o processo só foi retomado em 1999, após a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e o Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional (CEJIL) submeteram o caso à apreciação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Depois desse episódio, foi firmado um acordo em 2010, que obrigou o Estado Brasileiro a reconhecer a responsabilidade internacional pela violação dos direitos humanos e realizar uma cerimônia pública para pedir desculpas de maneira formal aos familiares das vítimas do crime que ficou nacionalmente conhecido como “chacina da Fazenda Ubá”.
Em fevereiro de 2006, um outro homem, José Edmundo Ortiz Vergolino, de 81 anos, apontado pela Justiça como mandante, foi condenado a mais de 152 anos de prisão, também por envolvimento na morte dos trabalhadores rurais.
Com informações do G1
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