*Por Augusto Serra
Como em todo o Brasil, Codó também tem a sua pagina escrita na historia do carnaval, e desta historia participaram pessoas de varias gerações de codoenses, seguindo a tradição do carnaval introduzindo novas tendências, baseadas nas culturas de varias origens que habitavam e ainda hoje habitam o nosso município. O que não podemos é esquecer que muitos deles envelheceram.
A historia do carnaval de Codó se confunde com a própria historia do município, e teve inicio ainda quanto era uma simples vila, nas poucas residências existentes a época, que eram gentilmente cedidas pelos seus proprietários, aos amigos e vizinhos. O povão no entanto, faziam a exemplo de hoje, suas festas nas ruas, improvisando fantasias, mascaras e batucadas.
Os folguedos momescos em Codó inicialmente duravam três dias. Havia confetes, serpentinas e muito lança perfume (rodol), que promoviam um clima de alegria e dava um colorido especial à festa.
As mascaras, os fofões, e os palhaços traziam o ar de infantilidade e o clima de descontração para festa profana em Codó.
Havia no carnaval de Codó, os blocos e as marchinhas, as vezes ingênuas, as vezes picantes. Havia também as fantasias exóticas, caricatas ou de luxo que sempre encantavam os foliões e davam brilhantismo a festa carnavalesca.
A orquestra tendo à frente o grande “Mestre Braguinha” tocava marchinhas que até hoje são lembradas. As letras Segundo depoimentos do saudoso Professor Historiador João Batista Machado, eram radiografias dos acontecimentos sociais da época, outras serviam como grito de protesto a exemplo do que ocorria com a falta de habitação popular, era o povo externando seus sentimentos contra as ações de despejos.
Nos antigos carnavais de Codó existiam pessoas que pelo seu entusiasmo carnavalesco tornaram-se figuras marcantes na folia codoense, sem eles a festa perdia o calor da animação. Os aficionados do carnaval eram; Honorino Silva, Nagib Buzar, Cazé Almeida, Alcebíades Silva (Marjozinho), e o primeiro Rei Momo que Codó conheceu, Virgílio Firmo da Silva.
Com o passar do tempo surgiram os Clubes recreativos e Culturais, onde passaram a realizar os bailes carnavalescos durante os três dias de folia, no entanto, as músicas (marchinhas) continuaram, como continuam até os dias de hoje. Nas ruas surgiram novos blocos e novos personagens que marcaram suas passagens na historia do carnaval codoense.
Os Blocos sempre foram presentes no carnaval codoense, alguns tiveram vida ativa muito curta, outros permaneceram em atividade por muito mais tempo, teve até os que foram transformados em escolas de samba.
DESTAQUES DOS ANTIGOS CARNAVAIS CODOENSES:
Senhor Brás – Com sua tradicional fantasia de estopa e pintura de carvão, símbolo do bloco do sujo;
Senhor Marcelo Augusto Cruz – Com sua fantasias criativas e luxuosas que conquistaram vários concursos;
Senhor José Ribamar Alves da Silva (Dedé do Banco) – com a sua bicicleta “saca rolha” uma homenagem a uma marchinha de carnaval da época;
Senhor Evandro do Correio – com o seu tradicional Fofão, responsável pela difusão da fantasia na cidade.
OS PRIMEIROS CLUBES CODOENSES ONDE FORAM REALIZADOS BAILES DE CARNAVAL:
Cassino – que funcionou na Praça Palmério Cantanhede na Cidade Alta;
Aquele Abraço – que funcionou na Praça do Cinema na Cidade Baixa.,
CLUBES SOCIAIS CONTEMPORÂNEOS QUE MARCARAM ÉPOCA NA REALIZAÇÃO DE BAILES CARNAVALESCOS E VESPERAIS EM CODÓ:
União Artística Operaria codoense – Localizada à Praça Alcebíades Silva Centro, tinha como público a classe média baixa da cidade, com acesso garantido aos operários e negros;
Centro Operário Codoense – Localizado à Rua Professor Fernando Carvalho Centro –, tinha como público a classe média baixa da cidade, com acesso garantido aos operários e negros;
Clube Recreativo e Cultural Guarapary – Localizado à Avenida Augusto Texeira – Bairro São Sebastião – Cidade alta,- tinha como publico preferencial a classe média alta da cidade, não negros.
OS PRIMEIROS BLOCOS ORGANIZADOS DE CARNAVAL DE CODÓ:
“O Democrático” – organizado pela Professora Ivete Araújo
“Ultima Hora” – Organizado por Francisco Lopes da Silva (Chico Lopes);
“o Vencedor” – Organizado por Francisco Dias Carneiro (Paulo do Joca)
BLOCOS POPULARES QUE MARCARAM ÉPOCA:
“Arrastão do Bita” Bloco alternativo estilo Havaí, organizado pelo Mestre Bita do Barão.
“Bloco das Bonecas” – Bloco alternativo onde homens trajavam roupas de mulheres – organizado pelo Senhor Raimundo Guimarães Cruz (Seu Guimarães), brincadeira sobreviveu ao passar do tempo e ainda hoje encontra-se em atividade sob nova organização.
“Bloco dos Sujos” – Não havia organização, predominava a criatividade dos foliões;
ESCOLAS DE SAMBA CONTEMPORÂNEAS QUE MARCARAM EPOCA E ABRILHANTARAM ANTIGOS CARNAVAIS CODOENSES:
Autênticos,
Califas,
Isóteros,
Mangueira,
Mocidade,
Rebeldes
Rei de Ouro
BLOCOS ORGANIZADOS QUE SE TORNARAM ESCOLAS DE SAMBA:
Academia do Samba,
Estrela do Oriente,
Unidos de São Sebastião,
Favela do Samba,
Salgueiro do Ritmo,
Águia do Samba
Abades.
Quanto ao carnaval da atualidade no município de Codó, não há muito a ser dito, o saudosismo e o tradicional vem perdendo a batalha para a modernidade e a tecnologia. O carnaval com as orquestras tocando marchinhas nos clubes deu lugar para os trios elétricos com bandas de axé e paredões de som gigantescos nas ruas, os blocos tradicionais e as escolas de samba deram lugar para os blocos alternativos, as fantasias deram lugar aos abadás, o certo é que, a cada ano o carnaval se renova levando multidões para as ruas de Codó.
*Augusto Serra é Gestor e Produtor Cultural, Diretor do Departamento de Cultura de Codó, Presidente do Conselho Municipal de Cultura, foi secretario de cultura e igualdade racial de Codó e conselheiro estadual de cultura
EXCELENTE TEXTO.