A Polícia Civil investiga a morte de um menino de 7 anos de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo por suspeita de envenenamento. Enzo Gabriel de Oliveira dos Santos Nero morreu no dia 30 de outubro em Indaiatuba, no interior paulista.

O g1 teve acesso aos dois boletins de ocorrência sobre o caso. O primeiro foi registrado pelo pai do menino no final de setembro, quando a criança desmaiou após passar mal e ser levada ao hospital. Já o outro foi registrado pela tia materna depois da morte do menino em um hospital de Indaiatuba.

No boletim de ocorrência registrado pela tia da vítima, ela relatou à polícia que soube que o sobrinho teria sido internado no Hospital Augusto de Oliveira Camargo, em Indaiatuba, pelo pai, sendo que a vítima estava desacordada. Por volta das 17h do mesmo dia, a unidade de saúde comunicou a morte da criança à família.

À Polícia Civil, a tia de Enzo disse que, cerca de um mês antes, o sobrinho teria deixado Itaquaquecetuba e ido para Indaiatuba, com suspeitas de ter ingerido chumbinho. O caso foi registrado pela Delegacia de Indaiatuba como morte suspeita.

O g1 questionou a Secretaria do Estado da Segurança Pública (SSP) se o pai do menino foI ouvido pela polícia e se foi detido.

A SSP informou que “todos os fatos relacionados ao caso estão sob investigação, mas os detalhes precisam ser preservados para não impactar o trabalho policial e por envolver um menor de idade.”

A SSP também informou que o caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Itaquaquecetuba, que instaurou inquérito policial, e aguarda o resultado do laudo do IML, em elaboração, para esclarecimento da morte e elucidação dos fatos.

A SSP não informou se o pai é tratado como suspeito no caso.

O g1 tentou contato com o pai da vítima, mas não tinha conseguido até a última atualização desta reportagem.

A Prefeitura de Itaquaquecetuba emitiu uma nota lamentando a morte do menino, que era matriculado na rede municipal de ensino. “É com profundo pesar que comunicamos o falecimento do estudante Enzo Gabriel de Oliveira dos Santos Nero, do 1º ano – EMEB José Piacentini/Itaquaquecetuba. Neste momento de dor, solidarizamos com a família e amigos”, informa a nota.

Suspeita de envenenamento

No primeiro boletim de ocorrência registrado em 27 de setembro por Henrique de Oliveira Dias, pai de Enzo, ele disse que o menino saiu de casa para ir à escola e que, após voltar da aula, passou a se queixar de tonturas e dores de cabeça. Mesmo assim, a criança ainda foi ao apartamento de sua avó, que fica no mesmo prédio, para buscar pilhas. No final da tarde, Enzo piorou e passou a apresentar tremores e fraqueza.

Em seguida, o menino desmaiou e foi levado para o hospital, onde segundo o pai, teve de ser reanimado com desfibrilador e levado para a Unidade de Terapia Intensiva. Ainda segundo o boletim de ocorrência, foi expedido uma guia de exame junto ao Instituto Médico Legal (IML) para confirmar suspeitas de intoxicação. O pai foi encaminhado e orientado a apresentar toda a papeleta médica.

De acordo com a segunda edição do boletim de ocorrência, do dia 2 de outubro, conselheiras tutelares disseram que foram acionadas pelo Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos, onde foram informadas pelos médicos sobre o quadro de saúde do paciente Enzo.

Elas afirmaram que o menino, que havia sido internado com suspeita de intoxicação por envenenamento, restabeleceu a consciência por alguns instantes e disse aos médicos que, pouco antes de sentir-se mal, teria ingerido um refrigerante oferecido pelo próprio pai e que, dentro da bebida, havia um comprimido de cor preta. As conselheiras também informaram que foi constatado pelo exame de sangue que a criança foi intoxicada por chumbinho.

O boletim de ocorrência também diz que, na madrugada do dia 2 de outubro, a madrasta de Enzo foi vista no quarto onde ele estava, apertando o pescoço do menino, com o objetivo de asfixiá-lo. Além disso, as conselheiras tutelares afirmaram que compareceram à DDM de Itaquaquecetuba para que providências legais fossem tomadas sobre os fatos, com o relatório médico do hospital onde o menino foi internado.

O g1 questionou a SSP se a madrasta foi ouvida pela polícia e se foi detida. E também se é tratada como suspeita.

Mas a SSP informou apenas que “a autoridade aguarda o resultado do laudo do IML, em elaboração, para esclarecimento da morte e elucidação dos fatos” e que “detalhes serão preservados por envolver menor de idade”.

O g1 questionou a SSP sobre mais detalhes do caso. Segundo a pasta, a Delegacia de Defesa dos Direitos das Mulheres (DDM) de Itaquaquecetuba é a responsável pela investigação, por meio de inquérito policial.

O que diz a Prefeitura de Itaquaquecetuba

Em nota, a Prefeitura de Itaquaquecetuba informou que o Conselho Tutelar III acompanhou o caso para garantir a proteção e assegurar os direitos da criança, conforme estipulado na Lei Federal 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Ainda segundo a administração municipal, o órgão registrou um boletim de ocorrência para apuração dos fatos e acionou a Promotoria da Infância e Juventude de Itaquaquecetuba. “Diante dos indícios, procedeu-se com o afastamento provisório da criança, conforme o artigo 101 do ECA, que ficou sob a responsabilidade da avó materna.”

O acompanhamento do núcleo familiar foi solicitado ao Conselho Tutelar de Indaiatuba, onde a avó mora, e o caso está sendo investigado pela polícia. O Conselho Tutelar informou ainda que mantém o sigilo dos atendimentos realizados em conformidade com as diretrizes da Política Nacional de Assistência Social.

Com informações do G1