Um grupo de parlamentares do Partido Democrata, nos Estados Unidos, enviou uma carta para o presidente Joe Biden nesta sexta-feira (9). No texto, pedem que Biden deixe claro a Jair Bolsonaro que o Brasil ficará isolado dos EUA e do mundo se houver tentativa de “subverter o processo eleitoral”.
Eles querem que o presidente norte-americano, que também é do Partido Democrata, deixe “inequivocamente claro para o presidente Bolsonaro, seu governo e as forças de segurança que o Brasil se encontrará isolado dos EUA e da comunidade internacional de democracias caso haja tentativas de subverter o processo eleitoral do país”.
Assinam a carta 31 deputados e 8 senadores. Eles citam ataques de Bolsonaro contra o sistema eleitoral e pedem que Biden ressalte que ações antidemocráticas teriam custos para o Brasil, como, por exemplo, deixar de ser parceiro global da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ou perder apoio dos EUA para entrada na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
“Tais esforços [contra a democracia e o sistema eleitoral] terão sérias consequências, incluindo uma revisão do status do Brasil como um parceiro global da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e [como] um importante aliado extra-Otan”, diz a carta.
A medida adotada pelos parlamentares democratas ocorre após uma visita de uma comitiva com representantes de organizações da sociedade civil a Washington. Na ocasião, os deputados e senadores, além da imprensa, receberam alertas sobre as ameaças que o processo eleitoral brasileiro vem sofrendo neste ano.
Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição, tem usado a estrutura do governo para repetir suspeitas já desmentidas por órgãos oficiais sobre as eleições de 2018 e a segurança das urnas eletrônicas.
A comitiva pediu que esses interlocutores se manifestem em defesa da democracia no Brasil e que reconheçam o resultado das eleições, assim que ele seja anunciado – independentemente de quem seja o vencedor.
O presidente também insiste na tese de que o voto impresso seria mais seguro que as urnas eletrônicas — utilizadas desde 1996 sem qualquer caso confirmado de fraude ou adulteração.
O STF já decidiu de forma provisória em 2018 e confirmou por unanimidade, em decisão de 2020, que a proposta de voto impresso é inconstitucional. Em 2021, a Câmara rejeitou e arquivou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que previa a incorporação do voto impresso em eleições, plebiscitos e referendos.
The Economist
Nesta semana, a revista inglesa “The Economist”, uma das publicações de política e economia com maior repercussão no mundo, fez uma comparação entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente dos Estados Donald Trump. A revista diz que Bolsonaro prepara a “grande mentira” sobre as eleições.
A imagem da capa mostra Bolsonaro de perfil e, ao fundo, a sombra de Trump sobre a bandeira do Brasil. O título diz: “O homem que seria Trump”. Logo abaixo, uma frase: “Bolsonaro prepara sua Grande Mentira no Brasil”.
Trump perdeu as eleições em 2020 nos Estados Unidos, mas desde então segue dizendo que houve fraude nos votos e não aceita o resultado. Seus apoiadores invadiram o Capitólio, sede do Congresso norte-americano, em 6 de janeiro de 2021, numa tentativa de reverter a derrota. O episódio se tornou um dos mais ameaçadores para a democracia norte-americana na história.
A reportagem da “The Economist” que explora o assunto da capa tem como título a frase: “Ganhe ou perca, Jair Bolsonaro representa uma ameaça para a democracia no Brasil”. Em seguida, o texto diz: “Todos os sinais são de que ele vai perder a eleição e vai dizer que não”.
Logo nos primeiros parágrafos, a reportagem da “The Economist” lembra que Bolsonaro aparece em segundo lugar nas pesquisas e afirma que é provável que ele perca a disputa.
A revista cita as insinuação de Bolsonaro sobre eventuais irregularidades, mas aponta que essas suspeitas não têm fundamento e ele nunca apresenta prova que sustentem suas afirmações.
A reportagem cita também que Bolsonaro foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer oficialmente a vitória do presidente Joe Biden sobre Trump em 2020. O texto afirma que Bolsonaro tem “instintos autoritários” e que costuma exaltar a ditadura militar brasileira.
Com informações do G1 Mundo
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