“Se acabou.” É com esse trecho viral em vídeos do TikTok e do Instagram – retirado do rap “Se Acabo”, do grupo The Beanuts – que o vice-presidente Hamilton Mourão define o clima no Planalto após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de 30 de outubro.
Eleito senador pelo Republicanos do Rio Grande do Sul, o general da reserva não vê sentido no movimento de bolsonaristas radicais em frente a quartéis para pedir uma “intervenção federal”.
Mourão prefere olhar para a frente e afirma que o capital de 58 milhões de votos deixa Bolsonaro apto a liderar a direita e, se quiser, construir seu retorno ao Poder pelas urnas em 2026.
Para isso, no entanto, o presidente terá que sair da reclusão autoimposta no Alvorada – que Mourão classifica ironicamente como “retiro espiritual” – e “trabalhar politicamente”.
Ele diz ainda ser favorável a mudanças no chamado “Orçamento secreto”, para que o Executivo recupere a capacidade de manejar os recursos públicos. Criado em 2019, este mecanismo permite aos congressistas apresentar emendas ao Orçamento sem revelar sua identidade. Elas oficialmente são “emendas de relator”. A manobra teve o aval de Bolsonaro para a consolidação de sua base no Congresso. Ele atribui o fenômeno ao enfraquecimento dos últimos presidentes, Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e o próprio Bolsonaro, que, ameaçados de impeachment, foram obrigados a ceder mais poder ao Legislativo.
Mourão afirma que não entregará a faixa presidencial a Lula, caso Bolsonaro se recuse a fazê-lo. Citando Winston Churchill, ele defende que o atual presidente deveria encarar o sucessor na rampa do Planalto, com “um gesto de altivez e desafio”: “Toma aí, te vira agora, meu irmão. Te vejo em 2026”.
Questionado como fica a imagem das Forças Armadas depois dos quatro anos de governo Bolsonaro, Mourão respondeu que elas se baseiam na hierarquia e na disciplina. “Se elas fogem disso, viram um bando armado, que é o troço mais perigoso que tem. A política não pode estar dentro do quartel pois fere de morte a hierarquia e a disciplina. As Forças Armadas se mantiveram fora do governo, 95% dos militares que estavam dentro do governo eram da reserva. Você não viu um único general da ativa fazer algum pronunciamento”, acrescentou.
Em maio de 2021, contudo, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que à época era general da ativa, participou de um ato político promovido pelo presidente Jair Bolsonaro. Sua presença no ato ocorreu dias depois de ele prestar depoimento à CPI da Covid instalada pelo Senado. Posteriormente, o Exército decidiu não punir o militar.
Com informações da revista eletrônica Valor Econômico
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