“Eu não tenho palavras para descrever o quanto é bom estar de volta aos palcos”, disse o cantor e compositor Albert Abrantes, um dos artistas maranhenses que puderam voltar a se apresentar em bares e restaurantes do Maranhão desde o último dia 15 de março, data em que uma portaria expedida pela Casa Civil do Governo do Maranhão permitiu o retorno de pequenas atrações musicais após meses sem atividade por causa da pandemia da Covid-19.
“É ótimo voltar. A noite é tudo pra gente, pelo menos para mim, que posso fazer voz e violão, voltar é muito bom”, comemora o músico.
Mas a volta das pequenas apresentações é criteriosa e exige o cumprimento de uma série de regras sanitárias, que devem ser seguidas por artistas e pelos proprietários dos estabelecimentos.
De acordo com a Portaria nº 054/2020, só serão permitidas apresentações com até dois integrantes, máscara obrigatória para todos (com exceção do vocalista e do instrumentista de sopro), distanciamento de dois metros, limpeza das mãos e sem aglomeração.
O retorno gradual das atividades musicais e a realização de pequenos eventos públicos e privados, a partir do dia 28 de agosto no Maranhão, se encaixam no contexto em que o estado tem há mais de dois meses taxa de contágio do coronavírus abaixo de 1, conforme aponta levantamento do projeto Covid-19 Analytics, da PUC-Rio e da FGV.
Para especialistas em saúde pública de vários países, shows de grande porte deverão ser as últimas atividades liberadas no pós-pandemia. No Maranhão, a portaria que liberou as pequenas apresentações musicais foi derivada de uma proposição elaborada por dois músicos maranhenses e representa a possibilidade de trabalho para diversos artistas.
Músicos como Albert Abrantes, já acostumados a se apresentar em formato pocket show, foram os primeiros beneficiados, mas vários profissionais da extensa cadeia produtiva da música ainda vão ter que aguardar cenários epidemiológicos mais favoráveis.
“Apesar de trabalhar na noite, eu tenho um emprego, sou funcionário público municipal. Eu ainda tenho uma renda e a galera que não tem? A gente quer que todo mundo volte, que todo mundo trabalhe, lógico, cumprindo todas as precauções cabíveis”, lamenta Albert Abrantes.
Adaptações
Para o trio Forró do Mel, o retorno aos palcos exigiu adaptações no próprio formato do grupo. Com um repertório que mistura clássicos do forró pé de serra, como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, além de releituras de canções de compositores como Fagner e Alceu Valença, a banda Forró do Mel teve que se reinventar para se apresentar em Atins, vilarejo situado na cidade de Barreirinhas, como explica o guitarrista, acordeonista e produtor Memel Nogueira.
“Por enquanto eu e o Giovannne Oliveira, que é o vocalista, vamos ficar trabalhando. Vamos com todo respeito a esse momento, mas começando a se movimentar aos poucos para recuperar o prejuízo”, detalha Memel.
O retorno sem a formação completa da banda (agora sem a zabumba) é uma saída para minimizar os danos causados pela crise sanitária.
“Quando começou a pandemia, eu estava fazendo apenas trabalhos à distância, os trabalhos presenciais eu tive que cancelar. Nós que trabalhamos com música somos acostumados com bandas de quatro a cinco pessoas e eu tive que me readaptar”, conta o artista.
Apoio aos artistas
Para reduzir os impactos financeiros da pandemia entre a classe artística, a Secretaria de Estado da Cultura (Secma) lançou dois editais do Conexão Cultural, que beneficiou mais de 600 artistas durante o período mais rigoroso da quarentena.
Agora a Secma prepara o gerenciamento dos recursos da chamada Lei Aldir Blanc, auxílio de emergência para o setor cultural, aprovado no Congresso Nacional em junho deste ano. Dos R$ 3 bilhões federais destinados aos Estados, o Maranhão receberá, ao todo, R$ 114 milhões, a serem repartidos com os municípios.
Ascom
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