Foi em 2020 que Mariana Michelini decidiu procurar uma clínica para realizar uma harmonização facial, em Matão, município localizado no interior de São Paulo. Na ocasião, ela fez um preenchimento nos lábios, no queixo e nas maçãs do rosto com o que acreditava ser ácido hialurônico, ativo produzido naturalmente pelo corpo que pode ser reposto através de aplicações injetáveis.
Entretanto, seis meses depois do procedimento, Mariana acordou com o rosto muito inchado e dolorido e após se submeter a uma biópsia descobriu que a substância injetada em seu rosto era, na verdade, PMMA.
“Eu era influenciadora digital e modelo, a harmonização foi em troca de divulgação. Fiz para ajudar a profissional. Até então seria o ácido hialurônico, não fui informada de nada, nem riscos. Ela [a profissional] não abriu na minha frente a embalagem, cheguei [na clínica] e já estava pronto. Foi na confiança. Não assinei nada, não vi nada. Seis meses depois tive a reação”, contou Mariana em entrevista à Glamour.
O polimetilmetacrilato, ou PMMA, é um componente plástico com diversas utilizações na área de saúde e em outros setores produtivos. De acordo com o site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a matéria-prima tem vários tipos de aplicações, como por exemplo as lentes de contato, implantes de esôfago, cimento ortopédico, entre outros.
Embora seja regulamentado para o preenchimento cutâneo de pequenas áreas do corpo, realizar harmonizações faciais com as microesferas de acrílico pode trazer sérias consequências como manchas, embolia pulmonar, inflamação, dor crônica e até necrose.
“A reação aconteceu em junho de 2021, desde então a minha vida social acabou. Não saio sem máscara, sinto um mix de sentimentos”, relembra em entrevista exclusiva.
Depois de voltar na profissional que realizou o preenchimento, Mariana recorreu a uma consulta com uma dermatologista que receitou um tratamento com antibióticos e corticoides, que não tiveram efeito. Em consulta com outro dermatologista, ela descobriu os micro plásticos em seu rosto e mesmo após a tentativa da retirada pontual, a substância começou a migrar para a região do buço.
A recomendação médica, então, foi a transferência para um cirurgião plástico, a fim de remover toda a região do lábio superior e do buço. Em dezembro de 2023, ela também realizou a primeira cirurgia para reconstrução dos tecidos perdidos e deve realizar mais procedimentos na região.
“Após a retirada do PMMA, em setembro de 2022 , senti um alívio por não sentir mais dor, mas também muita tristeza porque não tinha meu lábio. Resolvi criar um canal no YouTube para contar a minha história e poder ajudar também outras mulheres. Recebi muitas mensagens de outras pessoas que foram enganadas. Desde então venho recebendo muito carinho dos seguidores e o mais importante, ajuda”, diz a ex-balconista de farmácia.
“Até cheguei a sair aqui na minha cidade um dia sem máscara em um show, mas senti muita vergonha, mesmo as pessoas sabendo de mim. A minha fé foi que me sustentou, busquei muito a Deus e tenho certeza que graças a ele pude ter ajuda de todos os profissionais que estão cuidando de mim”, completa.
Nas redes sociais, Mariana compartilha a sua jornada e recebe o apoio dos mais de 23 mil seguidores. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, ela relatou que após expor em seu perfil no Instagram o que havia acontecido com o seu preenchimento, a profissional a processou e a influenciadora não pode mais citar seu nome nem profissão.
“Continuo sem vida social, usando máscara, mas daqui a alguns meses será a próxima etapa da cirurgia. Tive um ‘baque’ quando soube que para criar as laterais do lábio teriam que enxertar parte da minha língua, mas confio muito na equipe médica, essa é a melhor alternativa”, finaliza a influenciadora.
Com informações da revista Glamour
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