Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) revelou que Amanda Fernandes Carvalho, de 35 anos, foi brutalmente assassinada com 51 facadas e três tiros pelo próprio marido, o sargento da Polícia Militar Samir do Nascimento Rodrigues de Carvalho. O crime ocorreu dentro de uma clínica médica no bairro Marapé, em Santos, litoral de São Paulo. Amanda morreu no local, e o autor foi preso em flagrante.
O feminicídio aconteceu na tarde de 7 de maio, quando Samir invadiu a clínica localizada na Avenida Senador Pinheiro Machado, armado com uma pistola e uma faca. Ele atirou contra Amanda e também atingiu a filha do casal, de apenas 10 anos. Em seguida, desferiu dezenas de facadas na esposa. A criança foi socorrida e permaneceu internada por seis dias.
De acordo com o laudo necroscópico, a maioria das facadas atingiu o lado direito do corpo da vítima, indo da coxa até o rosto. Os disparos, conforme o documento, foram feitos à distância. A causa da morte foi “anemia aguda por hemorragia interna traumática”, resultado das múltiplas perfurações por arma branca e de fogo.
Sargento está inativo
Com a prisão, Samir passou à condição de inativo temporário na Polícia Militar, conforme previsto na legislação militar. Isso significa que ele deixa de receber salário e o tempo de serviço não é contabilizado. Atualmente, está detido no Presídio Militar Romão Gomes, na capital paulista. A expectativa é de que ele seja transferido para Santos nos próximos dias, para participar da reconstituição do crime.
Segundo a delegada Débora Lázaro, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, o inquérito está em andamento e as diligências seguem para esclarecer completamente os fatos.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que a prisão do sargento foi convertida em preventiva e que a Polícia Militar também instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta dos agentes que atenderam à ocorrência.
“Meu marido quer me matar”
O médico responsável pela clínica relatou em depoimento à Polícia Civil que Amanda chegou à unidade acompanhada da filha e demonstrando nervosismo. Ao entrar na sala do médico, afirmou: “Meu marido está comigo, está armado, é policial e quer me matar, pois estamos nos separando”.
O profissional contou que trancou a porta do consultório, posicionou cadeiras como barreira e tentou impedir a entrada do agressor. Amanda afirmou que uma amiga já havia acionado a polícia, mas o médico insistiu para que fizessem uma nova ligação. Pouco depois, ouviram batidas na porta e uma voz masculina dizendo: “Pode abrir, é a polícia, está tudo sob controle”.
Ao abrir parcialmente a porta, o médico visualizou um homem fardado no corredor. Na sequência, ouviu mais de dez disparos. Ele se escondeu debaixo da mesa e só saiu após a contenção do atirador.
Segundo apuração do portal g1, a filha do casal teria tentado proteger a mãe, pulando na frente dela no momento dos disparos. Após a tragédia, o médico prestou socorro à menina e encontrou Amanda já sem vida, com uma faca cravada no pescoço.
Divergência nas versões
Inicialmente, a SSP-SP informou que os policiais militares chegaram ao local após o crime já ter sido consumado. No entanto, essa versão foi contestada pela Polícia Civil, que aponta que os PMs já estavam na clínica no momento dos disparos, conforme testemunhos coletados.
Defesa
A defesa do sargento, representada pelo advogado Paulo de Jesus, informou que Samir passou por audiência de custódia no dia 8 de maio e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. O advogado afirmou que a defesa só irá se manifestar ao final das investigações.
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