A menina de 12 anos que foi levada para o Maranhão por um homem que ela havia conhecido na internet não poderia ter conta no TikTok. De acordo com as diretrizes da plataforma, é preciso ter no mínimo 13 anos para poder ter um perfil na rede social. Como abrir uma conta dessas depende da autodeclaração de idade, é preciso que os pais saibam quais as redes que os filhos têm.
— Eu já vi meninas de 8 anos usando a rede social. Os pais precisam saber que é preciso ter uma idade mínima para estar na rede — diz a delegada Elen Souto, titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros desde 2014 — As pessoas podem até denunciar perfis de crianças. Basta ir no próprio vídeo postado e clicar na aba de denúncia. Ali, se pode descrever por que está denunciando. A conta da menina de 12 anos (em que ela conversava com o homem de 25 anos que a levou para o Maranhão) já foi excluída do TikTok. Ela não poderia ter essa conta.
A delegada, que teve encontros com representantes do TikTok e do Instagram na semana passado para saber o que pode ser feito para proteger crianças de “predadores”, faz um alerta.
— Ficar conectado o tempo todo é o perfil dessa geração. É uma nova forma de educar. Eu sei que é difícil, mas os pais precisam monitorar. Todas as plataformas têm um mecanismo de controle parental, ou seja, uma ferramenta em que os pais podem ter conhecimento do que os filhos estão fazendo. Educar hoje em dia não é só cuidar. Também envolve vigiar a vida virtual do filho. As abordagens (de bandidos) não mais são físicas, oferecendo balinha, são em ambiente virtual.
Identificar os “predadores” diante desta nova abordagem é um pouco mais difícil, já que eles se moldam para ganhar a confiança da vítima. Por isso, é preciso atenção constante.— Nunca é algo de um dia ou dois. É uma relação construída, muita vezes, em anos. São crimes premeditados. Eles oferecem um ombro amigo e tentam encontrar na vítima, e na maioria dos casos são adolescentes, alguma vulnerabilidade para se aproximar delas. A intenção é ganhar a confiança e quase sempre para ter relações sexuais. É muito comum as vítimas fugirem com esses homens e serem estupradas por eles — diz a delegada — Quando fazemos um resgate e perguntamos o que aconteceu, quase sempre elas só sabem o nome da rede social e mais nada.
Entenda o caso
- Um relacionamento por meio de um aplicativo de compartilhamento de vídeos está por trás do desaparecimento da menina.
- Quando sumiu, a vítima havia saído de casa, uniformizada e com mochila.Eduardo da Silva Noronha viajou para o Rio de avião.
- Após realizar o sequestro, ele pegou um carro de aplicativo para voltar ao Maranhão.
- A menina foi mantida trancada em uma quitinete no bairro Divinéia. O homem deixava seu próprio celular com a vítima e ficava com o dela.
- Os dois aparelhos foram espelhados, de forma que ele conseguia saber quando ela tentava contato com a família.
- A garota conseguiu pedir socorro na única oportunidade em que foi à rua com Eduardo. Na ocasião, o celular dela acessou o Wi-fi de uma loja em São Luís.
- Em sua ida ao estabelecimento, a vítima conseguiu enviar uma mensagem para a irmã e informar que estava sendo mantida em cárcere pelo homem.
- A polícia rastreou as informações e chegou até o cativeiro em que a menina estava
- A menina foi trazida para o Rio de Janeiro, o suspeito chegou a ser preso, mas foi solto em audiência de custódia.
Com informações da revista Extra
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