O porta-aviões São Paulo, o maior que o país já teve, tem se tornado uma das preocupações dos defensores da preservação do patrimônio marítimo brasileiro nos últimos tempos. O navio, vendido em um leilão por R$10.5 milhões a um estaleiro da Turquia há um ano, deixou o cais do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na última quinta-feira rumo à Europa, mesmo a Justiça Federal tendo concedido uma liminar ordenando que o navio voltasse para a Baía de Guanabara, onde ficava ancorado.
Segundo um monitoramento por GPS, o navio deixou o país ainda no fim de semana, mas segue beirando a costa brasileira. Na noite de domingo, a embarcação estava na altura do Espírito Santo e Bahia. A embarcação iniciou sua última viagem, puxado pelo rebocador Alp Centre, com destino à Turquia onde será sucateado.
— O navio saiu do Brasil e já está em águas internacionais, mas acompanhando a costa brasileira. Ontem, por volta das 23h ele estava entre Espírito Santo e Bahia. Tem que levar em consideração que com essa frente fria o mar deve está agitado. — disse o ex-soldado da Força Aérea Brasileira, Emerson Miura.
Na decisão, o juiz Wilney Magno de Azevedo autorizou “diligências de interceptação da embarcação”, devendo ser envidados esforços para localização da embarcação, sua interceptação e retorno ao Porto do Rio de Janeiro.
Batizado como Navio Aeródromo São Paulo (A12), o porta-aviões da classe Clemenceau foi construído na França, entre 1957 e 1960, e chama a atenção pelas suas dimensões: são 266 metros de comprimento, e um peso de 32,8 mil toneladas. No seu país de origem, transportou 1920 tripulantes franceses em frentes de combate na África, Oriente Médio e na Europa. Em 2000, o porta-aviões foi adquirido pelo governo brasileiro, a um custo de 12 milhões de dólares e serviu à Marinha até 2014.
Com o passar do tempo, considerando o alto custo de manutenção e a evolução tecnológica no setor, que hoje privilegia porta-aviões menores, para operações com drones, a Marinha decidiu desativar a embarcação em 2017. Segundo dados da Marinha do Brasil, o A12 fez um total de 206 dias de mar, percorrendo 54.024,6 milhas (85.334 km ) e realizou 566 catapultagens de aeronaves A-4 (maioria ) Super Etendard e S-2T, estas argentinas.
O porta-aviões São Paulo foi adquirido pela Marinha do Brasil para substituição do NAeL Minas Gerais. Em sua vida ativa no território brasileiro, o navio era o porta-aviões mais antigo do mundo em operação. Também é dele o feito de ter sido o maior navio de guerra que navegou com a bandeira de uma nação do Hemisfério Sul.
Na Marinha do Brasil, a embarcação teve uma carreira curta e bastante conturbada, marcada por problemas mecânicos e um incêndio, que deixou um morto e dois feridos, em 2012. O fogo consumiu um alojamento de praças, localizado na popa do navio. Segundo a Marinha, o motivo do incêndio foi uma pane elétrica.
Depois o porta-aviões passou mais tempo parado em manutenção do que navegando, enquanto serviu em águas brasileiras. Em fevereiro de 2017, após desistir de atualizar o porta-aviões, o Comando Naval decidiu desativar o NAe São Paulo em definitivo. No mesmo ano, um grupo de ex-militares formou o Instituto São Paulo|Forch, com o objetivo de transformar o navio num museu flutuante. Segundo o site do projeto, a ideia era criar áreas de exposição no convés do São Paulo, além de restaurantes, cinemas, escritórios e salas de aula.
O Navio Aeródromo São Paulo – A 12 é o quarto navio da Marinha do Brasil a ostentar esse nome em homenagem ao Estado e a cidade de São Paulo.
Com informações da revista Época
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