Em passagem por Salvador (BA) para caminhada com o povo baiano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na tarde desta quarta-feira (12/10) que só faz sentido voltar ao governo para acabar com as desigualdades que o país enfrenta e recuperar a capacidade do povo de viver decentemente. Das contradições apontadas por Lula, o fato de poucas pessoas ganharem muito e muitas pessoas ganharem pouco, além de os que ganham menos responderem por 68% do Imposto de Renda arrecadado no Brasil. Por isso, ele defende reforma tributária progressiva e isenção para quem ganha até R$ 5mil.

“Vamos ter que fazer uma política tributária progressiva, em que quem ganha mais paga mais. Por isso que estamos propondo que até R$ 5 mil reais não pague Imposto de Renda. No Brasil, quem ganha seis salários mínimos é considerado rico, está entre os 10% mais ricos. Não é possível. 68% da arrecadação do Imposto de Renda vem dessa gente que ganha pouco. Quem tem lucro e vive de dividendos não paga. Vamos mudar essa história. Só tem sentido minha volta para mudar essa situação, recuperar capacidade de viver decentemente do nosso povo. É tudo o que a gente quer”, declarou.

Em breve declaração à imprensa antes de iniciar caminhada no Farol da Barra, cercado por uma multidão de apoiadores, na capital baiana, o ex-presidente afirmou que não é preciso tirar nada de ninguém para fazer com que os mais pobres vivam com dignidade, mas apenas permitir que o povo tenha direito a tudo o que produz. “Essa é a razão pela qual estou candidato e a razão pela qual eu vou ganhar”, disse, acrescentando que vai ganhar também pelo fato de o presidente que o Brasil tem hoje não conversar com ninguém nem com prefeituras e estados.

Trabalhar para que o elementar volte à normalidade

Lula lamentou a situação de pobreza no Brasil e o fato de o mundo produzir comida suficiente para alimentar a humanidade, mas 900 milhões de pessoas passam fome. Especificamente, citou o Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, e disse ser preciso mudar o fato de haver crianças que hoje não tiveram café da manhã para tomar, outras tantas que não puderam consumir proteínas necessárias no almoço e outro contingente que vai dormir sem ter o alimento para comer.

“Quantas milhões de crianças vão passar o dia sem receber uma única lembrança porque o pai e a mãe não podem dar. É esse país que a gente quer mudar. Precisamos mudar para isso. Precisamos trabalhar para que as coisas elementares voltem à normalidade”, disse, acrescentando que as pessoas não querem muito, apenas o suficiente para viver com decência.

Entre os desejos, ele citou ter direito a um teto, tomar café, almoçar e jantar todo dia, ter emprego com salário razoável que permita levar alimento para casa. O ex-presidente lembrou que o Brasil já foi a sexta economia do mundo, teve protagonismo internacional e provou ser possível aumentar o salário mínimo, ter juros baixos, gerar emprego, pagar salário digno e colocar meninos e meninas da periferia em universidades públicas e particulares. “Foi para isso que criamos o Prouni, o Fies, o Reuni e 422 escolas técnicas. Para fazer com que pessoas tenham oportunidade de ascensão na vida”.

Obrigado, Bahia

Lula agradeceu os votos e o carinho que sempre recebe do povo baiano. Ele também elogiou o PT local pelo ótimo desempenho em uma campanha, na qual o candidato Jerônimo Rodrigues era desconhecido da maioria do estafo até três meses antes das eleições e fechar o primeiro turno com mais de 49% dos votos. “É um milagre de competência”, disse a Rui Costa, Jaques Wagner e Otto Alencar, à frente da campanha bem-sucedida e que pode dar o quinto mandato consecutivo ao PT na Bahia.

Na conversa com a imprensa, Jerônimo afirmou que disse que a volta de Lula a Salvador reafirma a importância do papel do Nordeste na política brasileira. Ele afirmou que nenhum líder de um país pode tratar estados ou municípios da forma como o atual presidente Jair Bolsonaro trata o Nordeste. “O senhor (presidente Lula) tem a responsabilidade de unificar o povo brasileiro e garantir que o Brasil tenha a imagem que nós sempre tivemos de um país unido, de um país trabalhador”.

Ascom