Karen, de cinco anos, tinha paralisia cerebral e voltou a andar sozinha. Davi, de cinco anos, não falava nem com os familiares por conta do autismo. Agora, além de conversar, consegue abraçar e cumprimentar quem encontra já da primeira vez. Crianças com cegueira ou baixa visão, estão conquistando a liberdade e independência.
Os “milagres” – como chamam os pais, tem se tornado mais comuns no Maranhão. Com a rede especializada montada pelo Governo do Estado, centros de referência, como o Ninar, que inclui um hospital e uma casa de apoio, e o Especializado em Reabilitação e Promoção da Saúde (CER), do Olho d’Água, tem dado um novo sentido à vivência familiar de pais, responsáveis e crianças que precisam de atenção especial.
“Para mim foi bom o bastante para mudar da água para o vinho”, disse Elen Lopes Aquino, mãe do Davi. As dificuldades com o filho a preocupava e depois de integrar o Projeto do Transtorno do Espectro Autista (TEA) oferecido pelo CER, o menino mudou.
“Ele chegou praticamente sem falar e agora já está até abraçando. Já se comunica, coisa que não fazia”, disse Elen.
Participando do projeto, ele foi incluído em sessões de tratamento diário. Com pouco de mais de um ano, a evolução percebida o levou para o tratamento semi-intensivo e agora Davi vai apenas duas vezes por semana ao centro e a mãe dele também recebe treinamento para lidar com o transtorno e estimular o desenvolvimento do filho.
“O projeto TEA é diferenciado porque é intensivo , os nossos pacientes de autismo leve são atendidos de duas a três vezes por semana, mas no projeto são cinco atendimentos por semana, com especialistas como psicológo, psicopedagogo, professor de educação física, terapeuta ocupacional”, informou a diretora do CER, Renata Trajano Caldas.
Voltou a andar
A equipe multidisciplinar do Centro também mudou a vida de Karen e de sua mãe Fernanda da Silva Rodrigues. A criança, diagnosticada com paralisia cerebral ao nascer, foi um das primeiras pacientes do local, o prontuário aberto no dia da inauguração, há três anos, trouxe resultados que a mãe nem imaginava.
“Ela não sentava, não tinha equilíbrio nem sustentação no pescoço, e agora é uma felicidade muito grande ver que ela brinca, anda sozinha, é gratificante”, disse Fernanda.
Neurodesenvolvimento
Além do CER, destinado ao atendimento de diferentes tipos de patologias, a rede Ninar, que inclui o Centro de Referência em Neurodesenvolvimento e a Casa de Apoio Ninar também tem levado atendimento especializado aos pequenos maranhenses.
Vinda de Açailândia, Luana Santana de Oliveira, pela primeira vez a mãe utilizou a casa de apoio e aprovou o atendimento prestado ao filho: “Não tenho o que reclamar, estão todos de parabéns está sendo muito bom”, disse.
A casa atende famílias da capital e do interior. Em tratamentos regulares, que duram uma semana, as crianças passam por baterias de consultas e tratamentos, enquanto os pais também se integram em atividades terapêuticas.
Thatila Fernandes Mendes Almeida e Victor Henrique Batista Souza, também aproveitam o momento para estreitar o contato com o pequeno Gabriel. A avó, Genilde Mendes, também participa das atividades, que viram grandes encontros de família.
“O dia a dia é tão corrido, são momentos que aprendemos também a cuidar melhor dele, a estar com ele e isso é muito bom para o desenvolvimento do meu filho”, disse Thatila.
De acordo com o diretor Clínico da Casa de Apoio, o infectologista Fabrício Pessoa, esse é o principal diferencial do atendimento oferecido. “Durante esse um ano e dois meses de atuação, essa casa de apoio proporcionou para essas famílias e essas crianças, além desse acompanhamento multiprofissional o olhar diferente e humanizado, em que se oferece o bem estar para a criança e a mãe”, disse o especialista.
“Dessa forma se consegue promover a maternagem, a mãe passa a se sentir bem, a envolver a família e a criança deixa de ser um problema de saúde, passa a ser vista como um ser ali dentro”.
Até agora, só na casa de Apoio Ninar foram mais de 53 mil atendimentos oferecidos a cerca de 250 famílias vindas de 103 municípios.
Ascom
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