Num dia desses de movimento de luta dos profissionais da educação em frente à prefeitura, uma colega me perguntou: “Professora Rosina, você concorda que zeladoras, merendeiras e vigias sejam considerados Profissionais da Educação e façam parte dos 70% do Novo Fundeb?”. Eu respondi que sim, porém que discordava da nova Lei nº 14.276 de 2021, a qual reformulou a Lei nº 14.113 de 2020 do Novo Fundeb, pois a mesma desconsiderou o Art. 61 da LDB Lei nº 9.394 de 1996, que determina que os profissionais de apoio à educação devem ter o curso técnico para poder fazer parte dos profissionais da educação que são pagos com os 70% do Novo Fundeb, pois essa decisão acaba por não estimular vigias, merendeiras e zeladores de escola a buscarem formação técnica para exercerem seus cargos, e assim merecerem ser promovidos por competência ― característica necessária para que a educação possa avançar não apenas em quantidade, mas, acima de tudo, em qualidade.
O questionamento de minha companheira de classe me fez recordar da minha infância e do tempo de estudante de 1ª a 4ª série do ensino primário na Unidade Escolar Raimundo Muniz Bayma, na década de 1970; uma escola mantida pelo Estado, localizada à Rua César Brandão (escola essa já extinta). Sempre que recordo do meu tempo de vida escolar, as memórias que me dão mais prazer de recordar são as vividas nessa escola e com aqueles profissionais ― professores, diretores, supervisores, zeladoras, merendeiras e vigias. As minhas lembranças são de todos os profissionais, sem exceção. Porém, hoje quero fazer uma homenagem especial ao vigia dessa escola que, por ter estatura pequena, era chamado carinhosamente de Sr. Manoelzinho: um senhor educado, fala mansa, paciente e muito amoroso. Ele não era apenas um vigia que exercia a profissão para recepcionar as pessoas ― coisa que ele sabia fazer muito bem ―, mas para acolher as crianças, observar suas brincadeiras, apartar as brigas entre os meninos mais esquentados, e aconselhar. Isso mesmo, ele era um conselheiro, dialogava com as crianças com muito respeito, nunca alterava a voz; penso que ele trazia essa habilidade de sua formação religiosa e musical. O Sr. Manoelzinho tocava órgão na igreja Matriz para acompanhar os cânticos e a missa ficar mais encantadora, além de exercer a profissão de barbeiro e de professor de violão na Rua Marques Rodrigues, onde residia.
Ao refletir sobre as habilidades do Sr. Manoelzinho, fico a desejar mais vigias escolares iguais a ele. Sabe por quê? Porque a educação deve ser feita por aqueles que têm uma formação adequada, principalmente por aqueles que recepcionam e observam as vivências das crianças, pois as crianças aprendem o tempo todo, em toda parte e com todos que elas convivem.
É certo que o Sr. Manoelzinho não tinha formação de professor, mas a sua formação musical foi fundamental para que ele desenvolvesse todas essas habilidades, pois a música é reconhecida por muitos pesquisadores como uma modalidade que desenvolve a mente humana, promove o equilíbrio, proporcionando um estado agradável de bem-estar, facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio, em especial em questões reflexivas voltadas para o pensamento filosófico.
A minha homenagem ao Sr. Manoelzinho é uma forma de alerta aos nossos governantes, que não se preocupam com a formação daqueles que eles indicam para atuarem como profissionais da educação na condição de vigias escolares, perpetuando a falta de qualificação daqueles que hoje são considerados por lei “Profissionais da Educação”.
É hora de começar a exigir um mínimo de formação inicial a esses profissionais, além de oportunizar formação continuada em serviço. Que tal começar a formação através da música, uma vez que ela proporciona um estado de bem-estar? Já imaginaram, todos os vigias iniciando sua formação cantando, no primeiro dia de aula, João do Vale, “De Teresina a São Luís”? Cantando a sua própria história?
Viva o Sr. Manoelzinho, que foi um grande profissional da educação escolar de Codó na condição de vigia, mas, acima de tudo, como um amante da música e da Palavra de Deus!
Desde já agradeço em nome de toda a família Macedo e Carvalho pela a homenagem e as belas palavras, não é por que é meu avô mais foi um grande homem e honesto…
Seu Manoelzinho era tbm um barbeiro muito querido em CODÓ. A minha família e a de seu Manoelzinho mantém a amizade que surgiu desde o início da Década de 60.
Grande abraço
Parabéns essa linda homenagem a esse grande homem educador não conheço mas a historia e espetacular parabéns professora fez essa homenagem que nosso Brasil tenham muitos sr manoelzinho como esse que aí exerceu sua função com muito amor e carinho!!..
Meu querido, foi muito fácil escrever sobre seu avô! Ele faz parte de minhas melhores lembranças de infância. A nossa infância é um momento de nossa vida que deveria ser eternizado!
Conheci o seu Manoel “barbeiro”, da rua das (ex-) Flores; quando -décadas de 60/70 – dirigia-me ao Ginásio Codoense (Colégio Codoense), sempre via-o prosando com a vizinhança! Compartilho com a justa homenagem da professora Rosina Benvindo!
Parabéns!
Nas minhas lembranças de infância na Rua das Flores a figura do nosso BARBEIRO é inesquecível. Senhor Manoelzinho recebe uma justa homenagem . Parabens
Sr. Manuelzinho, homenagem justa , era um ser humano cheios de suas qualidades….tive aulas de violão com ele na Rua das Flores.