Um homem acusado de matar a ex-mulher e a filha de oito anos com golpes e chutes na cabeça foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) a 40 anos de prisão em regime fechado. Segundo apurado pelo g1 neste domingo (12), a defesa de Agnaldo Soares Bastos pode solicitar um recurso sobre a decisão. O feminicídio aconteceu em agosto de 2013, mas a sentença do processo que tramita em segredo de Justiça foi dada quase uma década depois.

Conforme divulgado pelo TJ-SP , a decisão foi feita pelo Tribunal do Júri da Comarca de Mongaguá, no litoral de São Paulo. Ainda segundo a Justiça, conforme consta no processo, na data do crime o acusado teve um desentendimento por motivos financeiros com a ex-companheira e a matou com golpes na cabeça e pescoço, ocultando o corpo no quintal. Na sequência, ele teve a mesma atitude com a filha, após ela chorar e perguntar sobre a mãe.

O juiz Guilherme Pinho Ribeiro, da 1ª Vara de Mongaguá, acolheu as agravantes de motivação fútil e torpe dos crimes, ressaltando que ‘o acusado seguiu a vida normalmente, simulando a todas as pessoas próximas [às vítimas] que nada havia ocorrido e, ainda, que se mostrava preocupado com o paradeiro de sua filha’.

Relembre o caso

A mulher e a criança foram mortas no dia 19 de agosto de 2023, conforme afirmado pelo polícia na época. De acordo com a polícia, Agnaldo Soares Bastos, à época com 38 anos, brigou com Ednéia Silva Mendes, de 38 anos, e quando ela caiu no chão, ele chutou a cabeça dela até a vítima morrer. O corpo da vítima foi enterrado no quintal da casa da então atual esposa do suspeito.

A polícia acreditava que o cabo de uma pá também poderia ter sido usado pelo homem. Ainda segundo polícia, o homem foi buscar a filha na escola e matou a criança da mesma forma. O corpo da menina foi encontrado nos fundos de um depósito de materiais de construção onde o homem trabalhava em Mongaguá.

Em entrevista ao g1 na época do crime, o irmão da vítima, Josemir Candido da Silva, disse que ela estava com medo que o ex-marido lhe fizesse mal. “Ela sempre falava que ele queria matar ela e dizia: ‘Se alguma coisa me acontecer, vocês cuidam da menina para mim’. Ela esteve em casa faz um tempo, pedindo para eu e minha esposa ver se tinha como ela ficar em casa com a menina”, explicou.

O cheiro do corpo da mulher chamou a atenção de vizinhos que ligaram para a polícia. “Por volta das 10h [do dia 24 de agosto de 2013] a Polícia Militar recebeu a ligação de uma pessoa dizendo que havia um corpo nos fundos de uma residência. Os policiais realmente constataram um corpo parcialmente enterrado. A partir daí, os policiais de Mongaguá conseguiram encontrar um indivíduo, que teria contato com a vítima. Uma outra informação indicou um corpo de uma menina, que aparentava ter oito anos” explicou o então capitão da Polícia Militar Argeo Rodrigues.

O dono da loja onde o suspeito trabalhava, José Mendes de Oliveira, disse que durante a manhã um funcionário lhe chamou a atenção para o terreno atrás de uma construção, que fica em seu depósito. “De manhã a gente abriu a loja e ele estava normal. Um rapaz que trabalha para mim disse que a casa velha, como a gente chama, estava mexida. Nesse intervalo ele chegou e perguntou o que estava acontecendo e eu disse que tinham andado por ali. Quando soube o que tinha acontecido fui para a casa que ele morava, aí o policial falou que ele matou a mulher e faltava a filha, logo lembrei do que tinha visto de manhã”, disse.

A policia encontrou o corpo enterrado com menos de 10 centímetros de terra, enrolado em um plástico preto e com uma capa amarela por cima. O suspeito chegou a tentar cobrir o corpo com uma massa de concreto fina por cima. Agnaldo trabalhava há 15 anos no comércio de Mendes. “Ele nunca apresentou nenhum problema. Não bebe, não fuma. Tanto que no futuro ele ia morar comigo na loja. Não acredito no que eu vi hoje. A gente viu essa criança nascer. Não quero nem pensar no que ele fez com ela, porque se não eu vou chorar. Triste saber que um ser humano estava aí”, contou.

A delegada do caso na época, Selma Santana Rodrigues disse que o suspeito confessou o crime. “Ele admitiu que praticou esses dois homicídios e a ocultação dos cadáveres”, contou. O cabo de uma pá foi encontrado enterrado junto com o corpo da menina, e a polícia acredita que o objeto serviu como arma para matar a criança. Segundo a polícia, depois dos crimes, Agnaldo queimou roupas e documentos das vítimas.

Com informações do G1