Um homem de 31 anos, que recebeu diagnóstico de tumor ósseo na perna em 2019, está lutando para conseguir atendimento e passar por uma cirurgia em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Antes, ele foi orientado por médicos na capital paulista de que, após fazer tratamento com remédio, passaria por um procedimento cirúrgico. Agora, a indicação é para uma amputação, mas ele discorda.
Ao g1, Pedro Carlos Domingues Neto disse, nesta segunda-feira (19), que as dores começaram após um acidente de trânsito, que aconteceu há 10 anos. Na ocasião, ele quebrou a perna esquerda com o impacto e precisou colocar uma placa. Já na perna direita, ficou com dores, mas os médicos diziam que tratavam-se de sequelas.
Os anos se passaram e as dores foram aumentando. Neto notou um caroço na perna direita, mas os exames não apontavam nada. Certo dia, ele sofreu uma ruptura mesmo sem ter nenhuma queda. “Não bati, não forcei, não pulei, não fiz nada. Minha perna falhou e, nisso, quebrou”.
Ele ficou com a perna engessada, mas, ao chegar em casa, Neto percebeu que o local estava inchando. Com muita dor, ele cortou o gesso. A ex-sogra o orientou a tentar atendimento médico na capital paulista, onde ela morava. Na Santa Casa de São Paulo, novamente, a região foi engessada e ele foi orientado a retornar em 15 dias.
O homem chegou a ser internado em Francisco Morato (SP), entrou na fila da Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross) e o encaminharam de volta à Santa Casa. Depois de quatro dias, ele teve o diagnóstico de um túmor após realizar uma bateria de exames.
Neto iniciou o tratamento com Denosumab [medicamento que reduz a reabsorção óssea]. Segundo ele, os médicos diziam que, após um ano, ele partiria para uma cirurgia. Terminando o tratamento, ele recebeu a orientação para aguardar 15 dias e, após dois meses, mas nada foi resolvido.
O tratamento foi retomado e durou mais quase dois anos. Segundo ele, as recomendações médicas mudaram. Os profissionais disseram que, agora, o caso seria resolvido com amputação. “Estão me enrolando até falarem que não tem mais jeito e que vai ter que amputar”.
“Vou lá [na Santa Casa de São Paulo] para quê? Para eles falarem que sou obrigado a amputar ou esperar? Simplesmente parei de ir para lá (…). Não sou pedaço de boi para ser tratado como tal”, disse ele.
Sem conseguir dirigir e com a locomoção reduzida, Neto mora com uma amiga em Praia Grande que, segundo ele, o ajuda muito, já que não tem familiares. No último sábado (10), ele foi internado no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, devido às fortes dores.
Segundo ele, os médicos se recusaram a lhe dar morfina. “Vivo a base de morfina quando as dores atacam. Quando não estou, evito tomar porque sei que é medicação forte. O médico não quer me dar morfina. Não é que eu goste ou queira, mas é a única coisa que tira minha dor”
Neto diz que deseja passar por um cirurgia para retirada do tumor, e não uma amputação, como recomendaram os médicos da Santa Casa de São Paulo.
“Eles sabem que fui para o hospital de São Paulo e eles estão me enrolando. Agora, querem me mandar para o mesmo lugar? Isso que estou inconformado. Me encaminhem para outro hospital, para um onde vou ser tratado com o mínimo respeito”, finalizou.
Hospitais
Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou que o paciente foi diagnosticado com câncer na perna e que a orientação médica é realizar cirurgia para amputação do membro, mas que, por decisão própria, optou não retirar o tumor, sendo necessário o tratamento com morfina, cuja aplicação está sendo realizada no Hospital Irmã Dulce.
Ainda de acordo com a pasta, ele segue sendo acompanhado por equipe médica e a unidade segue à disposição dos familiares para quaisquer esclarecimentos.
O Complexo Hospitalar Irmã Dulce (CHID) informou, em nota, que o paciente passa por consultas e exames na unidade há um ano, e que foi diagnosticado com um tumor na perna e encaminhado para unidade de referência em oncologia para dar continuidade ao tratamento.
A unidade ressaltou, ainda, que o paciente é atendido e recebe medicação em todas as vezes que comparece ao pronto socorro do hospital, mas que no momento não há indicação de internação, e que irá orientar o paciente novamente quanto ao seu quadro clínico e quanto ao prosseguimento de seu processo terapêutico
O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Praia Grande, mas não obteve retorno até última atualização desta reportagem.
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