O território indígena da etnia Gamela, localizado nos municípios de Viana e Matinha, concentra cinco aldeias: Cajoeiro Piraí, Taquaritiua, Nova Vila, Tabocal e Centro do Antero, onde moram aproximadamente 250 famílias. O local já foi alvo da ação de fazendeiros em um grande conflito em 2017 que deixou vários indígenas mortos, por isso, toda essa população foi incluída no Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos, único caso no Brasil de forma coletiva. As principais lutas deles são pela demarcação, reconhecimento do seu território, além de políticas públicas voltadas para a saúde, educação e segurança alimentar.

O Governo do Estado, por meio das Secretarias de Estado de Políticas Públicas (Seepp), de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) e da Saúde (SES), realizou, nos dias 24 e 25 de julho, na aldeia Cajoeiro Piraí, em Viana, reunião com as lideranças indígenas para ouvir as demandas da comunidade. Eles solicitaram planos de ações voltados para saúde e educação, pois afirmam terem acesso dificultado nas cidades vizinhas a aldeia.

Na ocasião, também foram realizados atendimentos médico e de enfermagem, com apoio da Força Estadual de Saúde do Maranhão (Fesma), com oferta de testes rápidos para Covid-19, aferição da pressão arterial, distribuição de medicamentos, além de orientações sobre prevenção ao coronavírus. Dezenove pessoas realizaram o teste, sendo 7 reagentes (já possuem anticorpos e não transmitem mais) e 12 não reagentes. Segundo dados da SES, até o momento já foram registrados 501 casos da Covid-19 entre indígenas, com 12 óbitos. Entre os Gamela, há um caso de óbito confirmado e pelo menos outros três estão em investigação.

“Nós realizamos um trabalho inicialmente pontual para atender os problemas relacionados a pandemia do coronavírus, mas também estamos vendo a possibilidade de se manter, com certa regularidade, algumas equipes da Fesma ou do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), que inclusive tem essa atribuição de prestar assistência dentro dos territórios indígenas. De toda forma, os Gamela não ficarão desassistidos”, afirmou o secretário de Políticas Públicas, Marcos Pacheco.

“Cabe a nós da Sedihpop trabalhar essas articulações, bem como monitoramento das políticas públicas voltadas para a população indígena do Maranhão. Agora estamos aqui com as ações de saúde, futuramente serão ações de educação e segurança alimentar no território. A intenção do Governo do Estado é continuar com essas ações de forma permanente”, disse Francisco das Chagas, assessor especial de Assuntos Indígenas da Sedihpop. 

Cacot Acroá Gamela foi um dos indígenas que teve atendimento médico e de enfermagem na aldeia. Ele destacou a dificuldade de conseguir atendimento nas cidades vizinhas e agradeceu ao Governo do Estado pela oferta desses atendimentos de saúde. “Pra nós, foi muito bom ter o médico e o enfermeiro aqui pra nos atender. Eu mesmo não sabia se já tinha tido ou não essa doença, mas graças a essa equipe agora eu sei que já tive e já estou curado. Essa foi uma das melhores coisas que aconteceu aqui dentro do território”, agradeceu o indígena. 

Fesma em áreas indígenas

Equipes da Fesma vão realizar um mutirão de atendimento aos indígenas da etnia Gamela nos dias 28, 29, 30 e 31 de julho, onde serão realizados testes rápidos para detecção da Covid-19, testes de glicemia, aferição da pressão arterial, consultas médicas e de enfermagem, além da dispensação de medicamentos.

De 8 de junho a 2 de julho, a Força Estadual de Saúde do Maranhão realizou ações de saúde a indígenas das regiões de Barra do Corda, Santa Inês, Zé Doca e Imperatriz. Foram realizados 1.914 atendimentos, 1.529 testes para Covid-19, sendo 787 reagentes e 742 não reagentes.

Ascom