A Prefeitura Municipal de Codó ignorou a morte do pai de santo Bita do Barão, que é considerado um dos maiores líderes umbandistas do Brasil. Até às 1h da madrugada desta sexta-feira (19), o governo não fez nenhuma publicação sobre o caso em seu site e não decretou o Luto Oficial.

A atitude do governo chamou a atenção de jornalistas e admiradores do umbandista codoense que estavam presentes em seu velório, que está acontecendo no Palácio de Iansã, que fica situado dentro da casa do pai de santo.

O Luto Oficial é a forma de demonstrar o sentimento de pesar ou dor pela morte de alguém que prestou relevantes serviços ao município. Se a decisão tivesse sido tomada, seria obrigatório o hasteamento das bandeiras a meio mastro, em todas as repartições públicas, nos estabelecimentos de ensino e sindicatos. O período normal para luto municipal é de três dias.

A morte de Bita do Barão teve grande repercussão em todo o país e foi divulgada pelo Jornal Nacional, da Rede Globo.

A confirmação

O pai de santo Bita do Barão teve sua morte confirmada oficialmente no início da tarde desta quinta-feira (18) por sua filha, Janaina Nonata de Souza. Ele estava internado em um hospital de Teresina desde o domingo (14) devido a uma infecção pulmonar, agravando para um problema renal e de pressão alta. Um boletim médico informou que a morte aconteceu às 12h40.

Internado na UTI, Bita do Barão sofreu uma piora no quadro de saúde na quarta-feira (17). A família estava aguardando uma melhora no estado de saúde do umbandista para que fosse encaminhado de UTI móvel para sua casa em Codó, interior do Maranhão.

A trajetória do pai de santo Bita do Barão

Conhecido internacionalmente, Wilson Nonato de Souza (86 anos), mais conhecido como Bita do Barão, é um famoso pai de santo de Codó, interior do Maranhão. O umbandista recebeu do ex-presidente José Sarney o título de Comendador da República, na década de 1980.

Filho de Cirilo Bispo de Souza (caxiense) e Olívia Ferreira de Souza (codoense), Bita do Barão nasceu no dia 10 de julho de 1932. Iniciou-se nos cultos afros aos 5 anos de idade, realizando trabalhos espirituais na localidade Santo Antônio dos Pretos, zona rural de Codó.

O pai de santo revelou que na infância ganhou do padrinho o apelido de “Bita” devido ser uma criança muito agitada. A palavra significa bode, no linguajar da cidade. O nome “Barão” recebeu por causa da entidade que diz incorporar desde os 15 anos de idade, o Barão de Guaré.

O pai de santo é fundador da Tenda Espírita de Umbanda Rainha de Iemanjá. No local, que funciona desde o dia 24 de junho de 1954, acontece anualmente dois grandes eventos: Festejo aos Santos e Orixás, realizado no mês de agosto, e o Festejo de Santa Bárbara, comemorado entre novembro e dezembro. Milhares de pessoas, incluindo turistas de outros países, visitam Codó todos os anos para acompanhar as duas festas.

Adepto do Terecô, uma das religiões afro-brasileiras praticadas pelos umbandistas codoenses, Bita do Barão também é conhecido no Brasil por sua proximidade com a família Sarney. Dentre as diversas histórias, contam que o pai de santo teria feito um despacho para que José Sarney assumisse o lugar de Tancredo Neves, morto no dia 21 de abril de 1985. Em entrevista ao jornalista Arthur Veríssimo, no ano de 2015, o umbandista negou a informação.

“Não, senhor. E, se tivesse feito, não falaria. Não tenho nada a ver com isso e não quero nem falar. Que Deus tenha o Tancredo lá junto dele, pronto”, disse.

A ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, é madrinha de batismo da neta de Bita do Barão. Sempre que passa por Codó, ela faz questão de visitar a residência do pai de santo.

O mais popular pai de santo do Maranhão conseguiu, no dia 06 de agosto de 2015, mudar o seu nome de batismo. O juiz Holídice Cantanhêde Barros autorizou a mudança e o umbandista passou a assinar como Wilson Nonato Bita do Barão de Sousa.

Bita do Barão de Guaré deixará seu nome marcado eternamente na história de Codó.