O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, oficializará sua união no próximo dia 30, no Maranhão. Enquanto o evento marca o casamento com sua companheira de 14 anos, também simboliza uma ruptura política: o governador do estado, Carlos Brandão (PSB), não foi convidado para a cerimônia.

A relação entre Dino e Brandão, que já foram aliados próximos, está abalada por acusações mútuas de deslealdade. Dino, que deixou o governo estadual para disputar uma vaga no Senado em 2022, apoiou Brandão como sucessor no Palácio dos Leões. O acordo previa que Brandão deixaria o cargo em 2026, permitindo que o atual vice, Felipe Camarão (PT), assumisse e concorresse à reeleição.

Entretanto, Brandão agora indica que ficará até o fim de seu mandato e articula a candidatura de seu sobrinho ao governo do estado, frustrando os planos de Dino e seu grupo político. Para aliados de Brandão, essa mudança seria uma resposta à suspensão da indicação de seu advogado, Flávio Vinícius Araújo Costa, para o Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA), decisão atribuída a Dino.

Conflito pelo TCE-MA

Dino justificou o bloqueio da indicação com base em critérios constitucionais, citando ações da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do partido Solidariedade. Já o entorno de Brandão acusa Dino de tentar preservar influência política no Maranhão, mesmo após assumir o cargo no STF.

A disputa pela vaga no TCE-MA é vista como um símbolo da “guerra fria” entre os dois políticos. Desde março, quando a vaga foi aberta, o processo de escolha enfrenta impasses judiciais. Brandão pretendia nomear Flávio Vinícius Araújo Costa, mas deputados da oposição questionaram os critérios da Assembleia Legislativa para a indicação. O caso está em análise no STF, mas Dino concedeu medida cautelar para suspender o processo.

Acusações de nepotismo

Outro ponto de atrito são as acusações de nepotismo contra Brandão. Nomeações de parentes para cargos estratégicos no governo irritaram deputados estaduais, que perderam espaço na administração. Em outubro, o ministro Alexandre de Moraes determinou o afastamento de familiares do governador de órgãos como a Secretaria de Infraestrutura e a Companhia de Gás do Maranhão.

Essas tensões refletiram na eleição da presidência da Assembleia Legislativa. A disputa entre Iracema Vale (PSB), apoiada por Brandão, e Othelino Neto (Solidariedade), líder da oposição, terminou em empate, decidido pelo critério de idade em favor de Iracema. No entanto, opositores indicam que o resultado pode ser judicializado.

Afastamento político

Nos bastidores, Dino nega pretensões de voltar à política eleitoral, mas não esconde sua insatisfação com o rumo da gestão de Brandão, que ampliou alianças com partidos de direita, incluindo o PL, de Jair Bolsonaro. Dino lamenta que o governador tenha adotado práticas que, segundo ele, remetem à antiga oligarquia que lutou para remover do poder no Maranhão.

Enquanto o casamento se aproxima, o distanciamento entre Dino e Brandão escancara uma relação marcada pela decepção e pelo desgaste político, consolidando o fim de uma aliança que dominou a política maranhense nos últimos anos.

Com informações do Metrópoles