A bomba que caiu no colo da família Lobão será difícil até para amigo e aliado de longas datas, ex-presidente José Sarney resolver o problema. O ninho do Lobo foi atingido após o escândalo de corrupção envolvendo pai e filho.
E o alvo principal tem sido Márcio Lobão, o herdeiro do senador Edison Lobão que hoje tem a Polícia Federal em seu encalço. Márcio é acusado de receber propina pela obra da Usina de Belo Monte, conforme delações feitas à Lava Jato.
A PF vai ter muito trabalho para esquadrinhar todos os negócios do filho de Lobão. Isso porque ele tem nada menos do que dez CNPJs para chamar de seus. Ele é sócio minoritário do irmão, Edinho Lobão, na EML Projetos Assessorias e Participações.
A EML Projetos, para se ter ideia, possui nacos de uma dezena de empresas, que vai de imobiliária à agência de publicidade, passando por reflorestadora e até distribuidora de medicamentos.
Os investigadores que vasculham a vida do filho de Edison Lobão, costumam dizer que quanto maior o número de CNPJs à sua disposição, mais facilidade a pessoa terá para levar seus ganhos provenientes de maracutaias.
Além de dezena de empresas, Márcio Lobão tem uma paixão pela arte brasileira. Ele é figura conhecida no meio das artes do Rio de Janeiro. Sua coleção inclui obras de artistas contemporâneos dos mais valorizados do país, como Adriana Varejão e Beatriz Milhazes, além do modernista Volpi (1896-1988).
Durante a Operação Leviatã, a Polícia Federal localizou a coleção do filho do senador, que é descrito como um bom negociador de arte por galeristas que atendem a elite carioca. Ele é visto em leilões e exposições, e escolhe o que comprar com base no gosto pessoal.
Márcio Lobão circula no mundo da arte sempre com a mulher, a muito sofisticada advogada Marta Martins Fadel Lobão. Seu casamento em 2001 com Marta, foi suntuoso, e atraiu políticos como o então presidente do STF, ministro Marco Aurélio Mello, e o então vice-presidente da República, Marco Maciel, um dos padrinhos.
A cerimônia foi na Igreja da Candelária e a festa, no Forte de Copacabana. A advogada ganhou de presente um cargo no gabinete do sogro Lobão, no Senado. Na época, o seu casamento parou o Rio com os 1,3 mil convidados, que esbaldaram-se com a Orquestra Sinfônica Brasileira e Jorge Ben Jor.
Nas mesas, a família Lobão ofereceu jantar com direito a caviar, champagne francês e vinhos que não falam português.
O escândalo de corrupção envolvendo Márcio, que pediu afastamento da presidência da BrasilCap – empresa do Banco do Brasil e do Icatu, após uma indicação, naturalmente, do seu pai senador, deixou o clã Lobão em desgraça, principalmente para entrar numa disputa eleitoral nas próximas eleições por conta da imagem manchada a nível nacional.
Fonte: Luís Pablo