SÃO PAULO — O ex-médico Farah Jorge Farah, encontrado morto em sua casa, na Vila Mariana, Zona Sul da capital paulista, aplicou silicone no peito e nas nágegas, vestiu roupas femininas e ouviu uma música fúnebre não identificada antes de cometer suicídio, segundo a polícia.
Condenado a 14 anos de prisão por assassinar e esquartejar a amante em 2003, Farah se matou com dois cortes na veia femoral (virilha), pouco antes da entrada de policiais na residência para o cumprimento de um mandado de prisão. O delegado Osvaldo Nico Gonçalves confirmou a morte do ex-médico no início da tarde desta sexta-feira.
Ele contou ao GLOBO que, além da aplicação de silicone em partes íntimas do corpo, Farah Jorge Farah vestiu saia e top.
— Ele injetou silicone nos seios (peito) e nas nádegas, sim senhor. Quando eu cheguei, ainda dava pra ouvir baixinho uma música fúnebre, não sei qual era. Ele vestia uma saia e um top. Quando finalmente entrei na casa, ele já estava morto e tinha muito sangue no quarto — contou Nico Gonçalves.
Policiais civis foram à casa do ex-médico nesta sexta-feira para cumprir uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em sessão nesta quinta-feira, a Corte havia determinado o cumprimento da prisão do ex-médico, que fora condenado em 2014 por matar e esquartejar uma mulher. Há três anos, Farah aguardava o julgamento dos seus recursos em liberdade.
Sem conseguir entrar na casa, os policiais chamaram um chaveiro para abrir a porta. Quando finalmente entraram no imóvel, encontraram o ex-médico deitado no chão.
— Quando chegamos para cumprir o mandado de prisão, a porta estava trancada e ninguém atendia. Arrombamos a porta, e (vimos que) ele se matou. — afirmou o delegado.
Por volta das 13h30, um perito do Instituto de Criminalística analisava o corpo de Farah para determinar oficialmente a causa da morte.
Pouco antes das 16h, o cadáver foi retirado da casa e levado ao Instituto Médico Legal (IML), na região central de São Paulo.
CRIME OCORREU EM 2003
Em 23 de janeiro de 2003, Farah matou sua amante e cliente Maria do Carmo Alves, então com 46 anos, em sua clínica de cirúrgia plástica em Santana, Zona Norte. Segundo a denúncia do Ministério Público, o cirurgião pretendia colocar fim à relação e atraiu a vítima com a promessa de que faria uma lipoaspiração.
Após sedar e matar Maria do Carmo, Farah cortou o corpo da vítima em pedaços, que colocou em sacos plásticos. O ex-médico teve o cuidado de tirar a pele da ponta dos dedos para tentar dificultar a identificação do cadáver. Dois dias depois do crime, Farah se internou em uma clínica psiquiátrica e confessou o assassinato à polícia.
Os sacos plásticos com partes do corpo de Maria do Carmo estavam no porta-malas do carro de Farah.
A defesa de Farah alegou que, antes do crime, o cirurgião vinha sendo perseguido pela vítima. E que ele a matou ao tentar se proteger de um ataque feito por ela quando os dois estavam sozinhos no consultório médico.
Em um primeiro julgamento, realizado em 2008, Farah foi condenado a 12 anos de prisão. Os advogados do ex-médico conseguiram anular o resultado do Júri em 2013, e um novo julgamento foi marcado para o ano seguinte. Em maio de 2014, ele foi novamente condenado, desta vez a 16 anos de prisão, pena que seria reduzida para 14 anos porque ele confessou o crime.
Fonte: O GLOBO