Entre uma aula de Língua Portuguesa e outra de Matemática, de Física ou Projeto de Vida, uma parada importante para focar, ainda mais, nos treinos e aprofundar os conhecimentos em robótica. Essa tem sido a rotina de estudantes de Unidades Plenas do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) Centro e Itaqui Bacanga, em São Luís, de São José de Ribamar, Bacabeira, Brejo, Santa Inês, Pindaré-Mirim, Cururupu e Timon, que se preparam para participar de competições nacionais de robótica, este ano, de forma remota, por causa da pandemia da Covid-19. 

Só no primeiro semestre deste ano, os estudantes terão três competições de robótica. O “Iron Cup – Inatel Robotics National Cup”, que envolve diferentes áreas da robótica em disputas de robôs, acontece de 26 a 28 deste mês. Reúne estudantes de escolas públicas e particulares de todo o país. O Torneio de Robótica FIRST LEGO League, promovido pelo SESI, é uma das mais importantes competições de robótica educacional do Brasil. O estudantes participam, também, do Torneio Juvenil de Robótica (TJR), que tem como objetivo difundir a robótica e a computação por meio da prática de aprendizagem.

As equipes maranhenses começaram os treinamentos em 2020, mas, por conta da pandemia da Covid-19, estudantes e professores tiveram que adequar os treinos à forma remota, sem perder o foco nas técnicas e qualidade do aprendizado. Para estimular e deixar os estudantes prontos para a competição, os professores montaram cronogramas de treinamento. São longas horas dedicadas ao desenvolvimento dos projetos, à construção de protótipos robóticos, à resolução de problemáticas e ao aperfeiçoamento dos robôs. 

O coordenador do Plano de Inovação da Seduc, Thiago Gomes Alves, informou que, nesta reta final para as competições, além do treinamento remoto, também acontecem atividades presenciais, como pequenas reuniões com, no máximo, 6 estudantes e o professor, em local arejado, cumprindo as medidas sanitárias neste tempo de pandemia da Covid-19. Esse trabalho presencial se faz necessário para que as equipes possam finalizar o treino com a montagem física dos robôs nos laboratórios. 

“Além disso, os estudantes que não têm computador ou um bom smartphone para fazer a parte de lógica e programação em casa, agendam horários nos laboratórios de informática de suas escolas com seus professores. Compartilhar esses calendários competitivos e dar o suporte necessário para os nossos estudantes e professores é um meio de engajá-los, de garantir aquele brilho no olho pelo estudo”, explicou Thiago Gomes Alves.

Bruna Raquel Fonseca Souza é estudante da Unidade Plena do IEMA de Cururupu e integra a equipe “UPCPU 2021” que, entre outras competições, já está classificada para o Torneio Internacional de Robótica (ITR), que será realizado na Argentina. 

“O que nos deixa feliz é saber que contamos com uma grande escola que é o IEMA; eu me preparei para adentrar nessa escola desde 2019. E tinha de me preparar porque sabia que poderia dar um passo à frente nos meus estudos e contar com uma estrutura que nos fortalece, ainda mais. Com todas as ferramentas que o IEMA nos proporciona, podemos construir uma maior dinâmica, um maior conhecimento. E, assim, podemos trazer, ainda mais, conquistas para nossa unidade”, afirmou Bruna Raquel Fonseca Souza.

Os gêmeos Kaiky Brito Diniz e Eriky Brito Diniz, que são estudantes da Unidade Plena de Brejo, também já estão prontos para, pelo menos, três competições. Para os estudantes, mesmo com todas as dificuldades advindas da pandemia, que levou ao distanciamento da sala de aula, o suporte da escola está sendo fundamental. 

Kaiky Brito Diniz afirmou que ele e irmão tiveram de se reinventar diante dos novos desafios colocados durante a pandemia da Covid-19. “Como nossa unidade de ensino ficava muito distante do centro da cidade, tivemos que nos preparar em casa. Diante de toda dificuldade, várias vezes pensamos em desistir, mas fomos apoiados, de forma remota, pelos professores, principalmente de robótica, onde ele ajudava passando todas as instruções e dicas possíveis para um bom desempenho nas competições”.

“No ano passado tivemos resultados muito importantes, que ultrapassaram nossas expectativas, além do grande aprendizado que adquirimos no decorrer dos treinamentos. Adquirimos experiência de competir, de forma virtual, onde obtivemos boas colocações nas diferentes modalidades. E este ano estamos ainda mais otimistas para as próximas competições”, pontuou Eriky Brito Diniz.

Fábio Souza foi professor de Robótica da Unidade Plena do IEMA de Brejo durante três anos. Este ano, foi transferido para a UP de Cururupu, mas continua apoiando a equipe de Brejo nos preparativos para as competições e sabe a importância de ter laboratórios estruturados.

“A estrutura é algo que não é suficiente, como fala Piaget, mas é essencial, para uma construção do saber, para podermos desenvolver e chegarmos a grandes resultados. Quando há investimentos em educação, os nossos resultados virão mais rápido. E os IEMAs têm uma estrutura brilhante para desenvolver a robótica educacional e aplicada. Desde 2019, nós usamos essa estrutura para desenvolver um projeto no IEMA de Brejo, chamado Desafio Criativo, que foi premiado em 2020 para bolsa em 2021. Tudo só foi possível porque os nossos protagonistas usaram essa ferramenta da robótica para ensinar alunos da zona rural de Brejo. Na pandemia eles não pararam, se preparam para competir”, pontuou Fábio Souza. 

Plano de Inovação

Lançado em agosto de 2020 pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), o Plano de Inovação, que recebeu investimento de R$ 17 milhões, tem como objetivo garantir a estudantes da rede estadual de ensino em tempo integral o acesso à inovação tecnológica, visando preparar os alunos para os desafios do século XXI.

O plano contempla a entrega de kits de robótica, com a formação para professores e realização de campeonato da rede em tempo integral na área de robótica; link de internet banda larga, de no mínimo 20 Gb em todas as escolas; sala maker para desenvolvimento de práticas de inovação em 72 escolas; 80 kits de laboratórios da Base Nacional Comum para todas as escolas; 15 laboratórios da Base Técnica, contemplando todos os cursos técnicos; e investimentos em laboratórios de informática, com ações de “gamificação”, programação e construção de aplicativos, formação de professores em tecnologia e inovação, entre outras ações.