Há 40 anos morria um dos maiores nomes da música mundial, o jamaicano Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley, principal expoente da música reggae no mundo. No Brasil, a data que marca a morte do músico, dia 11 de maio, foi instituída como o Dia Nacional do Reggae.
No Maranhão, desde os anos 1980 o reggae está enraizado na cultura local. Marcado pelos “melôs” e pelo poderoso som das “radiolas”, o reggae no Maranhão tem ainda outra peculiaridade: o modo de dançar em par, popularmente conhecido como “agarradinho”. Característica marcante do ritmo no Maranhão, o estilo maranhense de dançar reggae pode agora virar Patrimônio Cultural Imaterial do Estado.
Foi com esse objetivo que, nesta terça-feira (11), Dia Nacional do Reggae, o Museu do Reggae do Maranhão, dirigido pelo produtor cultural e jornalista Ademar Danilo, apresentou proposta para que a dança de reggae do Maranhão seja tombada como Patrimônio Cultural Imaterial do Maranhão, por meio de inscrição no Livro de Registro das Formas de Expressão, como preconiza a Lei nº 10.514, de 05 de outubro de 2016.
A proposição foi recebida pelo secretário de Estado da Cultura (Secma), Anderson Lindoso, que deverá encaminhar a solicitação para aprovação do governador Flávio Dino. “Vou avaliar com atenção e submeter essa proposta à aprovação do governador Flávio Dino. O nosso estilo de dançar reggae é genuinamente maranhense”, frisou Anderson Lindoso, em postagem nas redes sociais.
Para Ademar Danilo, elevar o jeito maranhense de dançar reggae ao status de patrimônio imaterial vai garantir que o poder público e a população reconheçam a dança do reggae como “parte inerente” na formação e no “jeito de ser do maranhense na atualidade”.
“O reggae é profundamente enraizado no cotidiano do Maranhão. Nós, maranhenses, demos uma cara própria ao reggae ao criarmos uma maneira nossa de dançar diferente do mundo inteiro. O estilo da dança de reggae do Maranhão é único e foi criado no nosso estado. Atualmente esse estilo se espalhou por vários lugares do Brasil e em todos há o reconhecimento da origem maranhense dos passos da dança. Com esse reconhecimento, uma luz mais forte iluminará a prática da dança e elevará a autoestima de todos os que a praticam”, ressalta Ademar Danilo.
Origens
Várias teorias tentam explicar como o reggae chegou ao Maranhão e por que o ritmo é dançado “agarradinho” no estado.
Algumas teorias apontam que a música jamaicana teria chegado via ondas de rádios caribenhas, sintonizáveis em solo maranhense. Já o estilo de dançar único teria supostamente surgido a partir da influência de festas realizadas por estivadores na região central do estado.
Mas para Ademar Danilo, apesar dos mistérios em torno da cultura reggae no Maranhão, o modo de dançar reggae “agarradinho” tem ligação com a recepção que o maranhense tem com outros ritmos caribenhos.
“O estilo maranhense de dançar de reggae é derivado do bolero. Sempre fomos muito receptivos a ritmos caribenhos (o bolero é de Cuba). Rumba, bolero, chá-chá-chá, salsa, merengue e, por último, juntos com o reggae, os ritmos que ficaram conhecidos como lambada [soca, kadanse, cumbia, kaseko, dentre outros]”, explica o curador do Museu do Reggae.
Sobre o Museu do Reggae
O Museu do Reggae do Maranhão é um equipamento cultural vinculado à Secma e foi criado em 2018, por determinação do governador Flávio Dino. O espaço foi o primeiro museu temático do reggae inaugurado fora da Jamaica e encontra-se temporariamente fechado por força da pandemia de Covid-19.
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