O Estádio Castelão, em São Luís (MA), será palco nesta quinta-feira (1º) do confronto entre Flamengo e Botafogo-PB pela terceira fase da Copa do Brasil, em meio a um cenário de improviso, pressa e preocupações com a segurança do público. A arena teve sua capacidade praticamente dobrada — de 20 mil para 39.622 lugares — após obras emergenciais realizadas nos últimos dias e com um laudo técnico liberado apenas horas antes da partida.
A iniciativa de levar o jogo ao Maranhão partiu da SAF do Botafogo-PB, que vendeu o mando de campo e apostou no apelo do time carioca para atrair público e aumentar a receita. A venda de ingressos começou em 23 de abril, mesmo sem qualquer autorização oficial para a ampliação da lotação do estádio. O laudo anterior, emitido em dezembro de 2024 pelo Corpo de Bombeiros do Maranhão, limitava a presença de torcedores a 20 mil pessoas.
Somente no dia 24 de abril — um dia após o início da comercialização — os bombeiros emitiram um novo laudo permitindo a ampliação da capacidade. O documento foi embasado por um laudo técnico particular, contratado por R$ 9 mil pela Secretaria de Estado da Infraestrutura, entregue na segunda-feira (29). Nele, os técnicos apontam problemas estruturais graves no estádio, como colapso parcial de vigas, corrosão avançada de armaduras e erosão em fundações, principalmente no Setor 1, antes interditado.
Apesar das falhas, o parecer concluiu que o setor poderia ser reaberto caso fossem executadas, até esta terça-feira (30), intervenções emergenciais com uso de argamassa especial e reforços metálicos. Com base nesse relatório, o Corpo de Bombeiros emitiu, às 8h40 da manhã desta quarta-feira, um novo laudo atestando que o estádio “está em condições de suportar sua capacidade de projeto sem comprometer a segurança do público”. O documento, no entanto, tem validade de apenas três meses.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reagiu com cautela. Em nota interna assinada pelos diretores Júlio Avellar (Competições) e André Mattos (Jurídico), a entidade manifestou “estranheza” diante da súbita mudança nos laudos, apontando um “quadro de incertezas” quanto à segurança do evento. A CBF também destacou o impacto negativo no planejamento da partida e alertou para possíveis riscos à integridade de torcedores, jogadores e profissionais.
O governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Esporte e Lazer (Sedel), afirmou que todas as exigências legais foram cumpridas e que a liberação da nova capacidade se deu após “intervenções realizadas ao longo de 2024 e 2025”. A Sedel garante que a autorização seguiu os parâmetros técnicos exigidos pelos órgãos competentes.
Apesar das garantias oficiais, a partida será realizada sob forte vigilância e com os olhos atentos da CBF, de torcedores e da imprensa nacional diante da pressa com que a estrutura foi liberada para receber quase 40 mil pessoas.
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