Um mês após confirmada a transmissão comunitária da varíola dos macacos no Brasil, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a doença como uma emergência de saúde global. A decisão foi tomada diante do risco relativamente moderado no mundo e tem como objetivo melhorar a resposta internacional ao vírus.

VARÍOLA DOS MACACOS COMO EMERGÊNCIA GLOBAL

A declaração de emergência de saúde global foi emitida pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. Foi a primeira vez que ele adotou esse tipo de posicionamento mesmo sem consenso entre os membros do comitê de emergência da organização.

A classificação foi baseada em alguns elementos, entre eles:

Avanço rápido do vírus, de acordo com informações fornecidas pelos países – inclusive países que não o viram antes;

Cumprimento de critérios para que seja declarada uma emergência de saúde pública de interesse internacional;

A insuficiência de informações relevantes e evidências sobre a doença;

Risco para a saúde humana, disseminação internacional e o potencial de interferência no tráfego internacional de pessoas.

A varíola dos macacos já teve mais de 16 mil casos relatados em 75 países, com cinco mortes. Na Europa, o risco é considerado alto.

De acordo com a OMS, uma emergência de saúde global é um evento que representa risco de saúde pública por meio de disseminação internacional, e potencialmente requer uma resposta internacional coordenada.

Com a declaração do estado de emergência, a OMS emitiu recomendações segmentadas em quatro grupos de países.

VEJA AS RECOMENDAÇÕES:

Grupo 1: sem histórico da doença na população humana ou sem um caso de varíola por mais de 21 dias

Grupo 2: com casos recentes e importados na população humana e/ou de outra forma com transmissão entre humanos

Grupo 3: com transmissão zoonótica conhecida ou suspeita, incluindo no passado; países em que a presença do vírus foi documentada em qualquer espécie animal; e aqueles em que a infecção de espécies animais pode ser suspeita

Grupo 4: países com capacidade para fabricar defesas médicas

Para o Grupo 1, a OMS pede que os países ativem mecanismos de coordenação multissetoriais para fortalecer a resposta ao vírus e interromper a transmissão entre humanos.

A agência também pede que as equipes médicas sejam treinadas e que coloquem em prática mecanismos para impedir a estigmatização de doentes.

Para o Grupo 2, a recomendação é mesma, mas há metas de interrupção de transmissão e proteção de grupos vulneráveis, além do monitoramento do vírus.

No caso desse grupo, que considera os países em situação de transmissão mais preocupante, protocolos de tratamentos clínicos e de viagens devem ser estabelecidos.

Para o Grupo 3, a OMS pede coordenação colaborativa de saúde pública, veterinária e de vida selvagem para gerenciar o risco de transmissão de animais para humanos.

A OMS também pede que sejam realizadas nesses países investigações para caracterizar os padrões de transmissão.

Em relação ao Grupo 4, a orientação é aumentar a produção e disponibilidade de medicamentos e vacinas, além de trabalhar junto à OMS para garantir abastecimento a custo razoável para países mais pobres.

Entre os sintomas mais comuns da varíola dos macacos estão:

Febre;

Dor de cabeça;

Dores musculares;

Dor nas costas;

Gânglios inchados;

Calafrios;

Exaustão.

No Brasil, até a última quinta-feira (21), 592 casos da doença foram confirmados, de acordo com o Ministério da Saúde.

HISTÓRICO DA DOENÇA

Detectada no início de maio, a propagação incomum da varíola dos macacos fora dos países da África Central e Ocidental, onde o vírus é endêmico, se espalhou por todo o mundo, com epicentro na Europa.

Encontrada pela primeira vez em humanos em 1970, a doença é menos perigosa e contagiosa do que “sua prima”, a varíola, erradicada em 1980.

Com informações do Jornal Itaqui-Bacanga