Há dois anos sem São João por causa da pandemia, os grupos de Bumba meu boi e apresentações culturais comemoram a volta dos arraiais. A expectativa deste retorno de quem faz a festa acontecer é recheada de emoção e alegria. Cantadores de boi, organizadores, dançarinos, entre tantos outros que realizam uma das maiores festas do Brasil, relatam superação aos desafios enfrentados pela crise financeira provocada pela pandemia e a saudade do público que comparece nos arraiais.
O cantador do Boi da Lua, Alisson Ribeiro, promete para o repertório os clássicos e novas toadas para não deixar nenhum brincante parado. “Meu coração transborda de alegria por voltar a nossa festa, é um calor humano muito esperado. Esse tempo sem apresentações foi muito difícil no quesito financeiro, mas agora aguardem uma festa muito bonita do Boi da Lua”, falou.
Já para o cantador do Boi de Pindaré, João do Sá Viana, a volta do São João será também uma forma de homenagear àqueles que perderam as vidas para a Covid-19. “Tinha um antigo parceiro de cantoria que faleceu desse vírus. Eu sinto muita saudade dele, prometi que quando voltasse a cantar prestaria homenagem a ele em toda apresentação”, afirmou o cantador João.
O secretário de Cultura e Turismo, Paulo Vitor, garantiu a descentralização dos arraiais para toda população ter acesso às brincadeiras juninas depois de tanto tempo sem poder desfrutar da cultura maranhense. “É um desejo do nosso governador Carlos Brandão de levar as apresentações para o interior do estado. Estamos enviando estrutura e grupos para que todos possam ter acesso a nossa cultura”, disse o secretário.
Os festejos juninos iniciam dia 27 deste mês e prosseguem até 31 de julho, sempre de quinta a domingo, em arraiais na Região Metropolitana de São Luís e interior do estado. Serão mais de 800 atrações e a previsão é de cerca de 450 mil visitantes no período.
A programação estará, entre outros espaços, na Praça Nauro Machado, Ipem, Parque do Rangedor, zona rural, Shopping da Ilha, Cohama, Ceprama, Vila Palmeira, Madre Deus, Cidade Operária, Maiobão, Santo Antônio, Lagoa da Jansen, Convento das Mercês e em vários bairros da Grande Ilha; e, também, em municípios do interior do estado com tradição junina, incluindo cidades das regiões do Munim, Baixada e Tocantina.
Dançarina de cacuriá do Boi da Floresta há mais de 40 anos, Nadir Cruz, que também é dirigente do grupo de Bumba meu boi, relatou a dificuldade de viver sem a arte por tanto tempo. “Foi uma fase bem complicada, nunca tinha acontecido nada igual nesses 40 anos de São João. Ficar sem dançar me destruiu. Este ano vou me acabar nos terreiros, a saudade está grande demais”, pontou.
Festejar a vida. É tudo que a diretora do Boi de Nina Rodrigues, Concita Braga, fará em cada arraial deste ano. “Agradecer a Deus por estarmos vivos, com saúde plena. Muitos de nossos brincantes se foram. Estamos aqui por eles e pela festa que é viver. Quem for assistir ao Boi de Nina Rodrigues vai se emocionar com muitas surpresas que preparamos”, disse.
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