“É hora de voltar, pela realidade distinta de cada estudante. A gente sente dificuldade em casa, a gente sabe que a desigualdade existe. Então, o acesso à conectividade de alguns estudantes é diferente de outros. O meu desenvolvimento, como uma pessoa que tem acesso à tecnologia, é diferente de outro estudante que não tem. É preciso pensar coletivamente. Por isso, é importante voltar. E voltar com todos os cuidados de biossegurança necessários”.  O depoimento de Ana Beatriz Diniz Silva, estudante da 1ª série do Ensino Médio Integral, do IEMA Rio Anil, traduz muito do sentimento de outros milhares de estudantes da rede estadual de ensino que enfrentaram, como milhões de alunos em todo Brasil, três semestres letivos sem aulas presenciais. Também traduz a urgência dessa volta para a escola, que é território de construção e difusão de conhecimento, de aprendizagem e socialização.

“Beatriz define muito bem parte das desigualdades evidenciadas pela pandemia da Covid-19 no contexto educacional, que foi uma realidade do Brasil Inteiro. Por uma série de fatores, que vão do socioeconômico ao geográfico. Apesar de todos os esforços, a conectividade não foi igual para todos. E essa desigualdade desencadeou uma série de consequências graves para o ensino e a aprendizagem de milhares de estudantes, como o aumento dos déficits de aprendizagem e das taxas de abandono escolar, maior exposição das crianças e dos jovens à violência e a vários tipos de exploração, crescimento da insegurança alimentar e nutricional, entre outros impactos negativos. E só com a volta às aulas presenciais poderemos reverter essa situação”, pontuou o secretário de Estado de Educação, Felipe Camarão.

Para mais de 300 mil estudantes da rede estadual de ensino, espalhados nos 217 municípios maranhenses, é hora de voltar às atividades nas escolas. A retomada será nesta segunda-feira (2), com o ensino híbrido assíncrono, de forma que os estudantes terão momentos presenciais e não presenciais ao longo da semana.

As turmas serão divididas em grupos que deverão revezar-se, de acordo com a organização pelas equipes gestora e docente, respeitando as particularidades de cada comunidade escolar. No caso das escolas com condições para desenvolvimento das atividades de forma síncrona, estas podem optar por este formato. Vale destacar que as unidades de ensino têm autonomia para definirem a melhor forma de revezamento.

Para garantir que a volta seja de forma mais segura possível, a rede foi totalmente preparada, observando os protocolos de biossegurança. As escolas irão dispor de termômetro infravermelho para aferição da temperatura na entrada; o uso de máscaras é obrigatório para todos e em todos os ambientes da escola; será colocado álcool em gel em pontos estratégicos nos corredores, assim como água e sabão para assepsia das mãos. Além disso, as aulas híbridas garantem a redução, pela metade, da quantidade de alunos em sala de aula, para que seja mantido o distanciamento, também nos demais espaços de uso coletivos.

“Estamos trabalhando para que esse retorno seja com segurança e flexibilidade e sempre observando os índices epidemiológicos da Covid-19. Caso confirmado um aumento dos casos que exija medidas restritivas, a escola retornará às atividades não presenciais pelo tempo necessário. Se houver registro de algum caso de Covid-19 em uma determinada escola, ali as aulas serão suspensas e as medidas sanitárias necessárias serão adotadas”, destacou Danilo Moreira, subsecretário de Educação.

Expectativa da Comunidade Escolar

Em todo o estado, comunidades escolares inteiras vivem a expectativa da volta às aulas presenciais depois de tanto tempo distante de um convívio.

“O que mais fez falta, nesse período de distanciamento, foi “tá” ali com os professores, adquirindo conhecimento, experiências, porque as aulas remotas muitas vezes não conseguem suprir as necessidades, não é a mesma coisa de estar ali no contato com os professores. A minha expectativa para a volta é que as escolas estejam preparadas para receber os estudantes da forma necessária. Essa volta é necessária e vai nos ajudar muito a retomar os estudos com mais entusiasmo”, disse Denise Pereira Durans, estudante da 1ª série do Centro Educa Mais João Francisco Lisboa (Cejol).

“Depois de muita espera, é hora de voltar às atividades escolares; à vivencia, a esse ambiente que nos deixa feliz, nos agrega, motiva e nos transforma verdadeiramente como pessoa, como amigo, como filho. Vamos voltar à escola e a momentos que fizeram falta e agora nos trazem uma vontade maior de poder estar presente novamente. Que a gente volte da melhor maneira possível e aproveite isso, valorize”, destacou Nailton Sanches da Silva, estudante da 3º série do Centro de Ensino Maria José Aragão.

“Nós alunos estamos muito ansiosos, apesar de ser uma volta híbrida, nós estamos muito animados para aproveitar mais a nossa escola, rever nossos colegas, professores e saber aproveitar mais as oportunidades que estamos tendo”, disse Gustavo Silva, aluno do Ana Isabel Tavares.

“A expectativa é grande! É um momento de recomeçar e que esse recomeço seja com pé direito, com todo cuidado, com segurança dos nossos professores, nossos estudantes”, disse Elioenai Brasil, gestora do Centro Educa Mais Olindina Nunes Freire, em Pedreiras.

“A expectativa da comunidade escolar é de que dias melhores possam acontecer, que o nosso ensino seja fortalecido e aconteça realmente de forma devida, com mais interação e mais aprendizado e possam compartilhar uns com os outros. Esse retorno mesmo com aulas híbridas, ele é valioso demais, importante para que a nossa educação volte a acontecer de forma devida”, disse Rivânia Dias Tavares, gestora do Centro Educa Mais Ana Izabel Tavares, em Dom Pedro.

“Precisamos entender que nem todos têm acesso à internet, nem todos têm um aparelho disponível para assistir aula. Este momento distante foi necessário, mas, neste momento há indicadores sanitários que nos dão mais tranquilidade. Esses alunos precisam da interatividade com professores, com seus colegas, isso é salutar e necessário, é parte do desenvolvimento social e pessoal de cada aluno. Agora, precisa ser uma volta com biossegurança, onde todos têm que fazer sua parte”, destacou Margareth Diniz, biomédica e mãe da estudante Ana Beatriz Diniz, do IEMA Rio Anil.