Em Brasília para um evento da ala feminina do Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff comentou as circunstâncias do seu afastamento da presidência do País. “Não serei candidata a presidente da República, se essa é a pergunta. Agora, atividades políticas não vou deixar de fazer. Não descarto a possibilidade de uma candidatura para cargos como senadora ou deputada”, disse na tarde deste sábado, 18, em entrevista à agência AFP.
Dilma disse não guardar rancores das pessoas que articularam sua destituição, nem mesmo do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. “Não tenho nada contra Eduardo Cunha, nenhum sentimento de vingança ou coisa parecida. Não tive nem com os meus torturadores”, disse, em referência ao período em que esteve presa durante a Ditadura Militar.
Na entrevista, a ex-presidente também comentou os esquemas de propina envolvendo a Petrobrás. “Esses processos são extremamente complicados. Ninguém no Brasil conhece todos os casos de corrupção que ocorre hoje”, disse ela, que ainda mantém no Twitter a frase “presidenta eleita do Brasil”.
Dilma citou ainda uma possível candidatura do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ao Planalto em 2018, que está bem cotado nas pesquisas eleitorais. “Apesar de todos as tentativas de destruir sua pessoa, sua história, Lula segue em primeiro lugar, segue sendo espontaneamente o mais votado”, que afirmou existir um “segundo golpe” em andamento para criminalizá-lo.
“As pedras de Brasília e as Emas do Alvorada sabiam que estavam inventando um motivo para me tirar do poder. Foi a chamada justiça do inimigo: não se gosta, se destrói”, disse.
Rotina. Atualmente, a ex-presidente reside em um apartamento de 130 m² no bairro Tristeza, zona sul de Porto Alegre. Sua renda provém de um salário recebido como funcionária afastada do Estado do Rio Grande do Sul (R$ 5.300) e do aluguel de quatro imóveis. À agência, afirmou não ter nenhuma nostalgia da vida que tinha no Palácio da Alvorada.
“São muitos metros. Um palácio não é um lugar adequado para viver. É impossível viver em um palácio a menos que você tenho patins. Ou um skate, como tenho um neto”, brincou, em referência aos 7.300 m² do espaço. Sobre a piscina do local, diz ter entrado apenas duas vezes. “Só fico com pena porque o meu neto gostava dela.”
De acordo com a agência, a ex-presidente parece estar mais relaxada do que no período em que ocupava o cargo executivo. Hoje, ela mantém uma agenda de conferências na Europa e nos Estados Unidos, além de viagens ao Rio de Janeiro para visitar a mãe. Sobre a crescente onda de antipetismo no País, diz temer alguma violência na rua. “Nada impede que alguém me agrida”. (Estadão)