Entre 2017 e 2019, a Prefeitura de Codó (MA) gastou mais de R$ 700 mil em diárias. Além do valor considerado exorbitante, há suspeitas de que parte dos pagamentos não tenha sido utilizada para custear viagens reais de servidores. O caso foi denunciado à Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção do Maranhão em 2019 pelo vereador Domingos Soares Reis.

Na época, o município era governado por Francisco Nagib, atual deputado estadual, que teria recebido R$ 122.122,92 em diárias. Segundo o denunciante, R$ 25.100,00 desse total foram pagos de forma indevida. O vereador também apontou superfaturamento nos valores das diárias concedidas ao prefeito: R$ 700 para viagens a São Luís e R$ 1.800 para Brasília.

A denúncia destaca que algumas datas de viagens custeadas pela prefeitura coincidem com eventos em Codó nos quais Nagib esteve presente. Pelo menos 24 diárias foram adquiridas de forma suspeita. Publicações no site oficial da prefeitura confirmam que, em dias nos quais o prefeito deveria estar fora da cidade, ele participou de compromissos locais.

“Além dos indícios de superfaturamento nos valores recebidos pelo prefeito Nagib a título de diárias, também há fortes indícios de que, em parte das supostas viagens a São Luís e Brasília, ele sequer tenha saído de Codó. Descobrimos que, pelo menos R$ 25.100,00, foram utilizados de forma irregular”, afirmou o vereador na denúncia à Polícia Civil.

Em 2018, por exemplo, entre os dias 27 e 30 de maio, Nagib solicitou R$ 4.800 em diárias para uma viagem oficial a Fortaleza. No entanto, no dia 28, ele participou de um evento em Codó. Situação semelhante ocorreu em 22 de junho do mesmo ano: o prefeito recebeu R$ 700 para uma viagem a São Luís, mas, no mesmo dia, publicou fotos em suas redes sociais assistindo ao jogo entre Brasil e Costa Rica, pela Copa do Mundo, em sua casa na cidade.

Diante das suspeitas de concessão irregular de diárias, superfaturamento, peculato, desvio de recursos públicos e dano ao erário, a Polícia Civil iniciou as investigações. Os delegados responsáveis pelo caso destacaram que, apesar do foro especial do prefeito, a fase investigatória não dependia de autorização do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), órgão competente para analisar medidas relacionadas à reserva jurisdicional.