Estudos recentes sobre desenvolvimento infantil mostram que, até mesmo, os bebês podem aprender inglês. A conclusão se deve à característica de plasticidade cerebral dos pequenos que, em linhas gerais, diz respeito à capacidade de adaptar-se e moldar-se aos novos estímulos. A descoberta levanta questões sobre as metodologias que podem ser adotadas por cursos de idiomas para aproveitar a habilidade e favorecer o aprendizado de uma segunda língua ainda na primeira infância.
Pesquisa publicada no periódico Science Advances revelou que os bebês começam a desenvolver afinidade pela língua nativa ainda no útero. Para a realização do estudo, a equipe liderada pela pesquisadora da Universidade Pádua, no norte da Itália, Benetta Mariani, fez uma série de experimentos não invasivos com bebês recém-nascidos.
O objetivo dos pesquisadores era compreender como a maioria dos indivíduos consegue aprender os elementos fundamentais da língua materna nos primeiros anos de vida, por mais difícil e complicada que ela seja. Eles descobriram que a habilidade, por vezes tida como algo instintivo, não está restrita ao idioma que a criança ouve durante a gestação.
Prova disso é que os bebês adotados por famílias que falam outra língua aprendem o jeito de falar de seus pais com igual tranquilidade. Segundo o estudo, a informação é válida, também, para filhos de imigrantes, que têm a tendência de se tornarem bilíngues rapidamente e sem sotaque, quando chegam bem pequenos à nova nação.
Nesse sentido, destaca-se que o caminho para tornar-se bilíngue pode ter início desde a tenra idade. O ensino de inglês para a criança, por exemplo, pode começar ainda na primeira infância. O idioma é o mais falado do mundo, conforme a Ethnologue, e considerada a língua dos negócios e do turismo, responsável por abrir portas para um futuro com mais oportunidades para a vida pessoal e profissional.
Metodologia deve ser alinhada com a faixa etária
Para introduzir o inglês ou outro idioma na vida de crianças e bebês, a orientação pedagógica é alinhar a metodologia às habitualidades inerentes da faixa etária, incluindo as competências socioemocionais.
Estudo realizado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) sobre a aprendizagem de línguas identificou que os conceitos gramaticais se fixam com mais intensidade na infância. Dessa forma, os bebês têm mais facilidade para produzir e assimilar sons, justamente por seu aparelho fonador ainda não estar completamente pronto.
Com isso, eles ainda não filtraram completamente todos os ruídos que, futuramente, serão importantes para a sua comunicação, mantendo-se, assim, mais suscetíveis e atentos aos novos estímulos.
Especialistas indicam que expor a criança ao novo idioma é fundamental para que ela aprenda com mais facilidade e tranquilidade, utilizando os recursos próprios da idade. Além das aulas de inglês, a dinâmica pode ser feita a partir de interações diárias com programas educativos feitos especialmente para o público infantil, histórias e músicas, por exemplo.
Nos cursos de idiomas que oferecem aulas específicas para crianças, a base metodológica deve considerar os aspectos do desenvolvimento infantil. No caso dos bebês, as habilidades intrínsecas são os fatores que fazem com que o aprendizado seja viável. Diferentes pesquisas mostram que a capacidade de absorção e imitação dos pequenos aliada à flexibilidade cerebral desta fase da vida facilitam a assimilação de novas línguas.
Jornada lúdica auxilia no processo de aprendizagem
O estudo da Universidade Pádua apontou, ainda, que, enquanto estão dentro da barriga da mãe, os bebês não conseguem captar os sons das palavras com exatidão de todas as suas consoantes e vogais. Eles identificam a prosódia, ou seja, a variação no tom da fala, a maneira características que as pessoas têm de pronunciar as sílabas e as frases enquanto conversam.
Por isso, os recursos e estímulos que facilitam o aprendizado do inglês desde o berçário podem incluir ferramentas interativas e adaptáveis ao desenvolvimento. Por meio de histórias, canções e jogos projetados para a faixa etária, é possível fazer uma introdução mais lúdica e suave do novo idioma na vida das crianças.
Além disso, os pesquisadores enfatizam que a exposição precoce ao inglês e a imersão na língua desde os primeiros meses de vida trazem uma compreensão básica do idioma e ajudam na manifestação prática, como a reprodução de expressões e palavras mais simples. Assim, ao criar um ambiente que incorpore o idioma no dia a dia, o desenvolvimento linguístico ocorre de maneira natural.
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