A cobradora de ônibus Valdirene Montello, 56 anos, não tinha histórico de doenças quando precisou ser internada às pressas no Hospital de Cuidados Intensivos (HCI), uma das unidades exclusivas do Governo do Maranhão para tratamento do novo coronavírus em São Luís. 

“O que vem na tua cabeça é que você vai morrer. Você tenta respirar e não consegue”, conta a cobradora. 

A saga de Valdirene começou no início de abril, quando ela começou a sentir febre, dor no corpo e a garganta inflamada ao chegar do trabalho. Em rápida pesquisa na internet, ela percebeu que o que sentia era muito parecido com a sintomatologia da Covid-19 e decidiu telefonar para o 136, Central de Dúvidas sobre a doença. 

Até então a recomendação era para que ela permanecesse em isolamento domiciliar, controlasse a febre com medicamentos e procurasse atendimento médico caso o quadro se agravasse. Infelizmente seu estado de saúde piorou.  

No oitavo dia com a presença dos sintomas gripais, a cobradora começou a sentir falta de ar. Como Valdirene mora sozinha em um apartamento no município de São José de Ribamar, ela decidiu procurar ajuda da família, que acionou uma ambulância e a levou para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Mas não foi o suficiente. 

Valdirene Montello foi transferida imediatamente para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HCI. A cobradora ficou hospitalizada por 16 dias, sem nenhum contato com qualquer parente. 

“A única comunicação que eu tinha era com o médico. Sempre ele me dava uma palavra de conforto e isso ajudou muito”, diz. 

Inicialmente ,Valdirene nem sequer sabia onde havia sido internada. “Até então eu não sabia onde estava. Cheguei a perguntar para uma enfermeira se eu estava em um hospital particular e foi aí que eu soube que estava no HCI”, relata.

“Tratamento de primeira”

Hoje Valdirene comemora a cura da Covid-19 e é uma das cerca de 3 mil pessoas já recuperadas da doença no Maranhão. Para ela, a qualidade do atendimento recebido no HCI foi o grande diferencial. 

“O tratamento que recebi foi de primeira. Tenho certeza que se eu não tivesse recebido um tratamento igual ao que eu tive, eu não tinha sobrevivido”, afirma. 

Já em casa, Valdirene segue em repouso absoluto. Ela agradece o empenho dos profissionais de saúde e reconhece o esforço da gestão estadual no enfrentamento da crise epidemiológica.  

“Quero dizer que o Governo do Estado está de parabéns. Eu vejo que o governador está se empenhando ao máximo para combater essa pandemia. Só quem passa pelo que eu passei, sabe o quanto ele tá se empenhando”, frisa Valdirene. 

“Prevenção é o melhor remédio”

E para quem ainda duvida da gravidade da doença, Valdirene manda um recado: “Eu quero pedir para as pessoas que, ao invés de criticar [as medidas restritivas], se previnam ficando em casa, porque a prevenção ainda é o melhor remédio. Se cuidem, não é brincadeira. Só quem já passou por isso é que sabe o quanto é difícil”, alerta a cobradora. 

Por um momento, Valdirene chegou a acreditar que não conseguiria se recuperar, mas hoje ela sabe que teve uma oportunidade de renascer em meio ao caos.

“Quem me olhava tentando respirar e não conseguia, jamais imaginava que eu iria sobreviver. No dia que eu saí do hospital foi como todos falavam: Val, a partir de hoje tu vai comemorar outra data de nascimento, porque eu nasci de novo”, revela. 

Mais de 1000 leitos para coronavírus na rede estadual

O HCI de São Luís, onde a cobradora Valdirene Montello se curou da Covid-19, foi o primeiro hospital exclusivo para coronavírus do Maranhão. 

Em março, quando foi confirmado o primeiro caso da doença no Estado, o Maranhão contava com 232 leitos clínicos e de UTI dedicados para casos da Covid-19. Agora, são mais de 1.200.

Ascom