Um ambiente de trabalho saudável é considerado prioridade para profissionais com mais de 50 anos permanecerem no emprego. A informação é da pesquisa realizada pela empresa de benefícios corporativos Ticket, publicada em junho deste ano. Outros estudos ajudam a definir o que é um local considerado saudável ou tóxico e quais estratégias para garantir o bem-estar e, consequentemente, a retenção dos funcionários experientes.

Em linhas gerais, entende-se como um ambiente de trabalho saudável aquele que preserva tanto a saúde física, quanto mental dos trabalhadores. Diferentes ações internas contribuem para estabelecer uma cultura organizacional que priorize esses fatores. 

De acordo com informações da Zendesk, ter uma comunicação interna clara e eficiente, adotar a cultura do feedback e implantar estratégias de valorização, reconhecimento e promoção do bem-estar dos funcionários contribuem para a criação de um ambiente de trabalho saudável.

Por outro lado, um ambiente de trabalho tóxico é caracterizado por irregularidades e, muitas vezes, descumprimento da legislação vigente. A comunicação ineficiente é capaz de gerar ruídos e problemas internos, a falta do feedback prejudica o aprimoramento dos serviços e o desenvolvimento dos colaboradores, enquanto o bem-estar das pessoas não é priorizado. Dessa forma, é comum que a equipe se sinta desmotivada, sobrecarregada e desvalorizada.

Um local de trabalho tóxico é apontado pelos estudos como um dos principais motivos de pedidos de demissão. Cabe às empresas reconhecerem e sanarem o problema a partir de alternativas como implantação de um canal de denúncias, realização de pesquisas internas e, se necessário, suporte de uma consultoria externa.

Segundo o levantamento realizado pela empresa de benefícios corporativos Ticket, atuar em um espaço de trabalho saudável é primordial para 30,5% dos profissionais com idade entre 50 a 59 anos, sendo este o fator principal para a continuidade na organização. Já o crescimento profissional aparece em segundo lugar, com 27% das menções e, logo depois, o salário, com 25%. 

Entre os profissionais com faixa etária acima de 60 anos, o ambiente de trabalho é ainda mais valorizado. Quase metade afirmou que trata-se de um fator determinante para a permanência numa empresa. Em seguida estão os salários atrativos (23%) e as oportunidades de crescimento profissional (10%).

A pesquisa ouviu 1.700 profissionais de diferentes idades. Entre aqueles com idade entre 16 e 26 anos, a oportunidade de crescimento profissional foi apontada como o fator mais importante para continuar no emprego. Na sequência, foram citados o ambiente de trabalho e a faixa salarial, respectivamente.

Entre aqueles que têm de 27 a 49 anos, 36% também consideram o crescimento profissional o fator mais relevante. Já o salário vem em segundo lugar, enquanto o  ambiente de trabalho saudável foi mencionado como terceira opção.

Em entrevista à imprensa, a diretora de Recursos Humanos da Ticket, Tatiana Romero, afirmou que cabe à gestão da companhia perceber as particularidades e necessidades de cada equipe. Assim, é possível traçar estratégias condizentes e eficazes para atrair e reter talentos, mantendo a motivação e a produtividade. 

Entenda as consequências de um ambiente de trabalho tóxico

De acordo com estudo feito pela Revista Internacional de Pesquisa e Saúde Pública, os ambientes de trabalho considerados tóxicos são muito prejudiciais aos funcionários, sendo responsáveis por desencadear quadros de estresse, depressão, ansiedade, esgotamento e improdutividade. 

Os negócios também são prejudicados pela situação. Segundo levantamento realizado pela Levee, o ambiente tóxico pode gerar perdas de, aproximadamente, R$ 230 milhões por ano em grandes empresas.

Em entrevista à imprensa, o consultor de carreira da ESIC Internacional, Alexandre Weiler, explicou que a toxidade faz mal a todos os envolvidos. Por isso, é preciso que líderes e colaboradores estejam atentos à qualidade do ambiente e identifiquem os sinais prejudiciais, como baixo engajamento, problemas de relacionamento, desentendimentos constantes, pouca influência ou influência negativa das lideranças e alta rotatividade.

Medidas de gestão podem tornar o local mais acolhedor e produtivo

Conforme a Zendesk, quando o local de trabalho é tóxico, os líderes podem adotar algumas ações para torná-lo mais harmonioso, acolhedor e produtivo. Melhorar a comunicação é apontado como um dos primeiros passos. Isso porque parte significativa dos conflitos têm origem nas falhas e ruídos do processo comunicacional. 

Entre as práticas para alcançar esse objetivo estão a fomentação de conversas entre os membros do time, como compartilhamento de informações reais, vivências e experiências; a realização de reuniões periódicas; o aumento da interação e integração entre os setores; e o uso de boas ferramentas de comunicação interna. 

Adotar a cultura do feedback também é essencial para promover ambientes de trabalho saudáveis, segundo a Zendesk. A prática consiste em estabelecer diálogos e retornos entre os líderes e os membros da equipe para sinalizar pontos positivos e negativos da atuação do profissional. Junto a isso, também dá espaço ouvir as percepções acerca da organização, dos gestores e dos colegas de trabalho.

A partir dessas conversas com o gestor, os colaboradores podem ter mais clareza sobre acertos, erros e caminhos que podem percorrer para potencializar sua performance. 

Outra forma de promover um ambiente saudável é garantir o bem-estar dos colaboradores, estimulando práticas de cuidados com a saúde física e mental, dentro e fora da empresa. Mostrar que exercícios físicos podem contribuir para a redução do estresse, convidar especialistas para falarem sobre como manter o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal são alguns exemplos. 

Segundo a Zendesk, uma prática que ainda é comum no mundo corporativo é a definição de metas inalcançáveis, descoladas da realidade. Quando uma dinâmica dessas se instaura, os funcionários tendem a ficar desmotivados e desengajados, já que sabem que não vão conseguir alcançar aqueles objetivos. Somado à falta de flexibilidade, à pressão feita pelos gestores e à comunicação interna ruim, essa se torna uma fórmula para instaurar um ambiente de trabalho tóxico.

Dessa forma, também é necessário traçar metas realistas e palpáveis. Para que isso seja possível, a orientação é analisar o histórico de desempenho das equipes, bem como o contexto atual em que a companhia se encontra, levando em consideração a influência de fatores internos e externos.