Estacionado em terceiro e com possibilidades restritas de aliança na disputa eleitoral, Ciro Gomes teve a candidatura à Presidência confirmada nesta quarta-feira (20) na convenção nacional do PDT, realizada na sede do partido, em Brasília.
O nome de Ciro foi avalizado pelos 250 presentes na sede do partido e pelos 30 que acompanharam a convenção remotamente. Não houve votos contrários.
Em discurso de quase uma hora que teve recepção morna dos presentes, Ciro repetiu o roteiro que tem seguido em sua campanha e atacou os dois líderes das pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL).
Em suas falas, Ciro afirmou que o “lulismo pariu Bolsonaro” e que o país chegou à atual situação porque esquerda e direita são “cúmplices do mesmo modelo” e incapazes de propor uma saída.
“O Brasil vive a pior crise de sua história e dois dos principais responsáveis por ela estimulam uma polarização vulgar, personalista e odienta, um alimentando o outro. Um agredindo moralmente o outro, reduzindo tudo a uma trágica e ridícula disputa pessoal”, criticou.
“Essa polarização odienta, despolitizada e apaixonada não produz diagnósticos para os nossos problemas. Não constrói soluções, apenas xingamentos morais e ideológicos. Os dois disputam entre si quem é o mais corrupto, quem é o mais autoritário, quem é o mais fascista ou quem é o mais comunista”, disse. “Parece que nós estamos nas antecedências da Segunda Guerra Mundial.”
Ciro afirmou que, se eleito, acabaria com as emendas de relator no primeiro dia de seu governo. Os recursos se tornaram moeda de troca de apoio do governo no Congresso.
Ainda sem vice anunciado, Ciro aparece nas pesquisas de intenção de voto com 8% da preferência dos eleitores consultados. É um patamar semelhante aos 6% registrados no Datafolha divulgado em junho de 2018, o último antes da convenção da legenda que confirmou o pedetista para a corrida eleitoral daquele ano.
É também uma realidade bem distante das projeções feitas pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, que via o pedetista com 15% ou 20% das intenções de votos em março deste ano.
Em 2022, o agora confirmado candidato do PDT se vê diante de uma disputa ainda mais polarizada do que a de 2018, quando Lula, ainda que preso havia dois meses, liderava os levantamentos de intenção de voto, com 30%, segundo pesquisa Datafolha de junho. Bolsonaro tinha 17%. Neste ano, o levantamento mais recente do instituto, divulgado no final de junho, mostrou Lula com 47% e o atual presidente com 28%.
Em uma disputa menos pulverizada que a de 2018, Ciro tem poucas opções de aliança. Partidos como MDB, PSDB e Cidadania, se uniram em torno da candidatura da senadora Simone Tebet (MDB). Com 1% das intenções de votos, Tebet é bombardeada constantemente por alas emedebistas defensoras de Lula e Bolsonaro.
Além dos nanicos, a única possibilidade de Ciro conseguir fechar uma aliança que o beneficiasse seria atrair a União Brasil para o seu lado. Se for bem-sucedido na empreitada, a estratégia pode impulsionar a exposição de Ciro no rádio e na TV. O partido de Luciano Bivar tem tempo de 125,9s a cada bloco de 12min30s. O PDT de Ciro tem 47,3s. A União Brasil, no entanto, é cobiçada pelo PT de Lula para tentar liquidar a fatura já no primeiro turno.
Essa dificuldade deve levar o pedetista a procurar um vice dentro do próprio PDT. Ciro afirmou que sua preferência é por uma vice mulher.
Outra limitação da campanha são os estados. No Sudeste, onde Ciro vai melhor, o candidato tem palanques assegurados em São Paulo —com o pedetista Elvis Cezar— e no Rio de Janeiro, com o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves. Em Minas, o partido tentou uma aliança com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, mas sem sucesso —o mineiro formalizou apoio a Lula.
No Ceará, a decisão do partido de barrar a reeleição da governadora Izolda Cela e escolher o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio levou a uma reação do PT, que anunciou rompimento e indicou lançamento de candidatura própria. Na convenção, um grupo de militantes do partido segurava cartazes em apoio a Roberto Cláudio.
Ciro também sofre pressão do voto útil. Ala do próprio partido defende voto em Lula para derrotar Jair Bolsonaro no primeiro turno.
Na convenção, Lupi anunciou a distribuição do fundo eleitoral do partido, de R$ 253,4 milhões. Do total, 30% serão destinados a mulheres, como prevê a lei. Além disso, 40% dos recursos serão destinados para as disputas majoritárias, e 30% para os quase 1.400 candidatos a cargos eletivos estaduais e federais.
Com informações do Portal Meio Norte
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