A inflação dos alimentos pode não registrar a disparada vista no ano passado, segundo previsões mais moderadas de economistas. No entanto, itens básicos como café, carnes, ovos e produtos in natura devem pesar mais no orçamento das famílias, especialmente na primeira metade do ano.
Café lidera a alta
O principal responsável pela alta nos preços será o café, segundo analistas. Parte desse aumento se deve a reajustes já aplicados na indústria, mas que ainda não chegaram ao consumidor final. Além disso, a safra deste ano deve ser menor, já que o solo ainda se recupera da estiagem que afetou a produção brasileira — o país é o maior produtor mundial do grão — impulsionando a valorização do produto.
— Espero altas de 7,60% em janeiro, 5,21% em fevereiro e 5,46% em março. O consumidor sentirá esse impacto no primeiro trimestre e, possivelmente, ao longo do segundo também. Depois disso, o aumento deve ficar em torno de 3% e chamar menos atenção — explica Gabriel Pestana, analista econômico da Genial Investimentos.
Já o economista Leonardo Costa, da financeira ASA, estima uma alta de 25% no preço do café ao longo do ano, com os maiores aumentos concentrados no primeiro e segundo trimestres. Ele lembra que o café do tipo arábica segue um ciclo bianual de produção, alternando safras maiores e menores, o que também influencia os preços.
Carnes seguem tendência de alta
As carnes, especialmente a bovina, devem ser outro grande fator de pressão sobre os preços. Segundo Costa, os consumidores ainda enfrentam os efeitos do choque de preços ocorrido no ano passado, quando a arroba do boi disparou e ainda não retornou a patamares mais baixos. A expectativa é de um aumento de 14% na carne bovina ao longo de 2025.
Pestana, da Genial, projeta um aumento médio de 10% no preço da carne neste ano. Embora a arroba do boi gordo esteja em queda neste início de ano, o movimento é visto como uma redução temporária, resultado da dificuldade dos frigoríficos em escoar a produção no mercado interno.
— A oferta de carne vai continuar restrita, porque é preciso aguardar o bezerro maturar para o abate. O estoque está menor, o que mantém os preços elevados — explica Pestana.
Alimentos in natura também devem subir
Outro grupo que pode registrar altas expressivas é o de alimentos in natura, como hortaliças, frutas e legumes — incluindo batata, tomate e cenoura. Segundo Costa, esses produtos podem encarecer cerca de 10,5% ao longo do ano. No entanto, o segmento é historicamente volátil, com oscilações bruscas de preços mês a mês, e tem um peso menor na cesta de consumo das famílias.
Embora o cenário seja menos alarmante do que o do ano passado, consumidores devem se preparar para um primeiro semestre com alimentos mais caros, especialmente nos setores de café, carnes e hortifrútis.
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