Na última quinta-feira (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro declarou que o indulto concedido por Donald Trump aos envolvidos na invasão ao Capitólio em 2021 poderia servir de exemplo para uma possível anistia aos presos pelos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

“Muita coisa que aconteceu lá é semelhante aqui”, afirmou Bolsonaro em entrevista à CNN. “Agora, isso extrapolou, porque se faz um paralelo com o Capitólio”, acrescentou.

O ex-presidente ainda destacou que espera uma solução do Congresso: “Espero que não precise chegar um presidente de direita para fazer isso, que o Congresso resolva esse problema agora”, pontuou.

O exemplo de Trump

Logo após tomar posse em 20 de janeiro de 2021, Donald Trump concedeu perdão presidencial a cerca de 1.500 pessoas envolvidas na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro do mesmo ano. De acordo com a Justiça americana, o objetivo dos manifestantes era impedir a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais.

No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou cerca de 400 pessoas pelos atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes em uma tentativa de sabotar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, que derrotou Bolsonaro nas eleições de 2022.

Ezequiel Silveira, advogado da Associação de Familiares e Vítimas de 8 de Janeiro, defendeu a posição de Bolsonaro, afirmando à AFP: “O ato do presidente dos EUA serve como exemplo e aceno político para que o Estado brasileiro possa colocar um fim à perseguição política.”

Bolsonaro inelegível e sob investigação

Aos 69 anos, Bolsonaro está inelegível para as eleições presidenciais de 2026, após ser condenado pela Justiça Eleitoral por questionar, sem apresentar provas, a integridade do sistema de votação eletrônica. O ex-presidente comparou sua situação política à de líderes da oposição na Venezuela, como María Corina Machado e Henrique Capriles, que também foram declarados inelegíveis.

“Sem a minha presença, é uma eleição parecida com a da Venezuela”, afirmou Bolsonaro.

Além disso, a Polícia Federal investiga o envolvimento do ex-presidente em uma suposta tentativa de golpe para impedir a posse de Lula e apura se ele teve papel na instigação dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Bolsonaro nega as acusações e afirma ser vítima de perseguição política.

Michelle Bolsonaro como candidata?

Quando questionado sobre outros nomes da direita para as próximas eleições, Bolsonaro mencionou a possibilidade de sua esposa, Michelle Bolsonaro, se candidatar à presidência. “Não teria nenhum problema. Obviamente, ela me colocando como ministro da Casa Civil, pode ser”, concluiu.