Em Araguaína, a prefeitura tem orientado moradores a evitar o plantio de uma árvore da espécie Nim. A planta pode intoxicar insetos, incluindo as abelhas, e causar o desequilíbrio ambiental. A árvore, de origem indiana, não faz parte do bioma Cerrado e é usada para produção de repelente.
Além disso, Filipe Silveira Condessa, engenheiro florestal da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente de Araguaína, explicou que o Nim é uma espécie exótica e invasora, ou seja, que não é nativa do país.
“O nosso clima favorece a adaptação e a reprodução desregrada das árvores, o que pode gerar diversos prejuízos. Um deles são as raízes, que crescem proporcionais à copa, podendo romper e danificar calçadas e pavimentos, além de furar as tubulações subterrâneas”, informou o engenheiro florestal.
O g1 conversou com o biólogo e professor, Waldesse Piragé, que explicou como essa árvore veio para o Brasil e como a morte de abelhas prejudica todo o meio ambiente.
“Foi introduzida com a apelação de ser uma árvore repelente, principalmente contra os mosquitos, transmissores de zika, chikungunya e dengue. Porém, esse conceito é errado porque só ela [a árvore] não é repelente. Através de seus metabólicos produz substâncias do óleo de Nim. E o óleo de Nim é que é repelente. Então, o pessoal divulgou e muita gente plantou essa árvore na esperança de estar combatendo essas doenças com árvores repelentes”, contou.
Segundo o biólogo, as flores da árvore podem intoxicar um inseto. Dessa forma as abelhas, que possuem um papel fundamental na polinização, são afetadas. E os danos podem ir além, já que ao carregar o pólen para a colmeia, várias abelhas podem ser contaminadas.
“No caso de muitas das abelhas que têm colmeias, essas abelhas carregam o néctar para fazer mel e carregam o pólen para servir de fonte proteica para dentro da colmeia e vão alimentar suas crias, seus filhotes. E com o tempo esses filhotes, até as próprias abelhas adultas, podem sofrer desorientações, problemas neurológicos e até mesmo morrer, principalmente os mais jovens”.
E sem abelhas para fazer a polinização, o desenvolvimento das plantas pode ser afetado, provocando um efeito cascata. Mas afinal, por que a falta de polinização pode prejudicar tanto o meio ambiente?
“A polinização é o ato de reprodução sexuada das plantas. Nesse processo o pólen é levado de uma flor a outra para produzir os frutos. Muitos desses frutos com sementes e essas sementes vão germinar em novas árvores. Então, se nós tirarmos os polinizadores ou prejudicarmos os polinizadores, nós estaremos prejudicando todo o ambiente”, explicou o professor.
As abelhas procuram as flores mais próximas para se alimentar. Em Palmas, por exemplo, há várias colmeias distribuídas pela cidade. O professor Waldesse realiza um estudo no Tocantins com diferentes espécies do inseto, sendo que alguns podem ser encontrados no piquezeiro.
O assunto ainda é polêmico, já que a árvore e o óleo produzido com ela são recomendados como uma alternativa mais “sustentável” de inseticida. O biólogo explica que, para evitar o dano, o certo seria não plantá-las.
“A pauta ainda é polêmica. A poda de contenção não é tão eficiente quanto retirar as árvores. A planta por si só não tem tal eficiência, mas sim os seus produtos metabólitos. Entretanto, o custo benefício é desfavorável à biodiversidade de insetos. Infelizmente no país temos o costume de achar que os insetos são pragas”.
Plantio em Araguaína
Em Araguaína, no norte do estado, a prefeitura recomendou que a população não faça o plantio dessa espécie em vias públicas. Além disso, um decreto publicado em 2022 autoriza o corte dos pés de Nim sem necessidade de autorização ambiental.
O município também orienta que os moradores evitem cultivar a árvore nos quintais.
Já em Palmas não há uma lei que proíba o plantio de Nim. De acordo com o município, o Plano Municipal de Arborização classifica a Nim como inadequada para plantio por ser “considerada uma espécie invasora no ecossistema”.
Com informações do G1
Deixe um comentário