Nos bastidores políticos de Timbiras, um projeto audacioso e preocupante vem sendo desenhado para consolidar o poder absoluto de uma única família. O ex-prefeito Dr. Antonio Borba, que governou a cidade por oito anos (2017-2024), pavimentou cuidadosamente um caminho para perpetuar sua família nos cargos mais importantes do município. O objetivo? Transformar a Prefeitura em um feudo particular, onde apenas membros da família Borba terão direito de disputar o cargo máximo do Executivo, enquanto demais lideranças políticas do grupo terão que se contentar com posições menores ou serão descartadas. 

O episódio mais emblemático dessa estratégia foi a escolha de seu sucessor. Dr. Borba preteriu seu então vice-prefeito e maior liderança política da zona rural, Neguinho das Flores, para lançar seu sobrinho, Paulo Vinícius. A decisão foi tomada sem ouvir ao seu grupo político, contrariando a vontade da maioria e ignorando o fato de que Neguinho era o candidato natural à sucessão. À época, ele liderava todas as pesquisas de intenção de voto e carregava consigo um apoio popular consolidado, enquanto Paulo Vinícius, então Secretário de Finanças, era um pré-candidato fraco, sem expressão própria, mas que contava com a confiança inabalável do tio. 

A escolha de Paulo Vinícius não foi apenas uma traição política, mas um claro movimento para garantir que o poder continuasse nas mãos da família Borba. Em 2016, Dr. Borba chegou à prefeitura com o apoio fundamental de Neguinho das Flores e seu grupo, que foram essenciais para sua vitória contra candidatos mais fortes como Carlinhos Borba, Nonato da Casa Lima e o então prefeito Fabrício do Foto. O reconhecimento desse apoio seria a candidatura de Neguinho em 2024, mas, em vez disso, o ex-prefeito decidiu impor um nome familiar ao grupo. 

Durante seus oito anos de governo, Dr. Borba governou de forma centralizadora, sem ouvir as lideranças do grupo e sem dar espaço para o vice-prefeito. A arrogância e prepotência, suas marcas mais conhecidas, cobraram um preço alto em sua reeleição em 2020. Apesar de afirmar ter 80% de aprovação, foi reeleito com apenas metade dos votos válidos, revelando um eleitorado dividido e insatisfeito. A vitória só foi possível graças à força do seu vice-prefeito e das lideranças políticas que abraçaram sua campanha. 

Ao invés de refletir sobre sua forma de governar e ser grato ao seu grupo, Dr. Borba optou por aprofundar ainda mais a concentração de poder em sua família. Seu filho, Dr. Marco Antonio Borba, foi nomeado Diretor Geral do Hospital Regional de Timbiras (HRT), deixando de lado lideranças políticas experientes e competentes. Esse movimento explicitou a prioridade da família Borba em ocupar os principais postos de comando. 

O segundo mandato de Borba foi marcado por perseguições políticas e pelo esvaziamento de aliados que não aceitaram a imposição de seu sobrinho como candidato a prefeito. Neguinho das Flores, os vereadores Junão, Hygo Contador e Deleon do Arimar foram expulsos do grupo. Outras lideranças saíram por conta própria, enquanto algumas permaneceram por medo ou por não terem alternativa. 

A campanha milionária e o uso da máquina pública garantiram a vitória de Paulo Vinícius com pouco mais de 45% dos votos válidos, revelando que, se a oposição estivesse unida, Neguinho das Flores teria vencido por ampla margem. Com a vitória do sobrinho, Borba consolidou sua estratégia e agora pretende repetir a fórmula nas próximas eleições, perpetuando sua família no poder. 

O domínio da família Borba já pode ser observado no governo de Paulo Vinícius, onde o ex-prefeito assumiu o cargo de Secretário de Governo, tornando-se o verdadeiro chefe do Executivo, enquanto seu sobrinho é apenas uma figura decorativa. A poderosa Secretaria de Infraestrutura foi entregue ao seu filho, o engenheiro Victor Borba, primo do prefeito e potencial candidato à sucessão em 2028 ou 2032 a depender do cenário. Dr. Borba fez questão de manter sua esposa, Aurelice Borba, na Secretaria de Assistência Social, vetando e humilhando a esposa do prefeito Paulo Vinicius que havia a indicado para o cargo, pois, Dr. Borba considera sua mulher como uma opção futura para a prefeitura nas eleições de 2028 ou 2032. 

A maior prova de que o poder está centralizado em uma cúpula familiar é a ascensão de Dr. Marco Antonio Borba. Hoje, ele é o nome mais influente dentro do grupo, mais poderoso até mesmo do que seu pai. Foi ele quem indicou a nova Secretária de Saúde, substituindo Lezui Mousinho, liderança política importante e um dos primeiros e mais fiéis apoiadores de Paulo Vinícius, que foi exonerado após oito anos de trabalho amplamente reconhecido pela população. Como se não bastasse, Marco Antonio também articulou a eleição do vereador João Marcos para a vice-presidência da Câmara Municipal, em uma manobra que humilhou a vereadora Maria do Lezui, que disputava a vaga. 

A estratégia é clara: João Marcos, que também vem a ser primo da Secretária de Saúde e cunhado do Chefe de Gabinete, está sendo preparado para ser o próximo presidente da Câmara para o biênio 2027-2028, enquanto Dr. Marco Antonio Borba se consolida como o candidato favorito da família para disputar a Prefeitura em 2028 ou 2032. Paralelamente, aliados importantes, que foram fundamentais nas três vitórias do grupo, estão perdendo espaço, poder e sendo descartados aos poucos, tais como, Lezui Mousinho, a vereadora Maria do Lezui, o ex-vereador Alex Rocha, o ex-prefeito Nonato da Casa Lima, Dr. Gilvan Carvalho, Dr. Gledson Frazão, Chiquinho da Sapataria, André Lucena e até o atual vice-prefeito Edmundo Luiz que já fala abertamente em rompimento por acordos não cumpridos. 

Diante desse cenário, a pergunta que fica para a população de Timbiras é: a cidade pertence a uma única família? O povo timbirense aceitará ser governado por uma dinastia que só busca se perpetuar no poder, colocando parentes em todas as posições estratégicas? A resposta a essa questão precisa ser dada nas urnas. O destino da cidade não pode ser controlado por um único grupo familiar. A democracia é o governo de todos e para todos, e cabe ao povo e à oposição se unirem para impedir que Timbiras se transforme em um feudo da família Borba. Caso contrário, o futuro já está traçado: um ciclo de sucessões familiares, onde apenas o sobrenome Borba terá o direito de governar.